FONTE: Jornal O Diário
Tatiana, de Nova Petrópolis; Simone, de Chuvisca e Mônica, de Porto Alegre são alunas do curso Licenciatura em Língua Espanhola | Créditos: Jéssica Rebeca Weber
Ivete Maria Karling verá realizado o sonho de uma vida no final do ano. A agricultora aguarda com expectativa o momento em que, trajada de toga e capelo, terá seu diploma em mãos.
Ela e outros 318 estudantes são a prova de que o Polo Universitário de Picada Café, além de aproximar dos moradores as mais importantes universidades federais do estado, é uma oficina de superação, dedicação e redescoberta pessoal.
Picada Café - Como grande parte da população do município e região, a família de Ivete Maria Karling, 36 anos, obtém seu sustento da lavoura. Com condições financeiras desfavoráveis e outras prioridades, desconsiderou cedo a possibilidade de iniciar um curso superior, contrariando sua vontade. Mas vida dela sofreu fortes mudanças em 2007, quando foi inaugurado, através do projeto Universidade Aberta do Brasil, UAB, o Polo Universitário de Picada Café.
Hoje, a cafeense está a alguns meses de se formar na primeira turma de Planejamento e Gestão para o Desenvolvimento Rural do Polo UPC, por meio do método ensino a distância via internet. “Quando iniciei, não imaginei as dimensões que isso ia ter. Foi a maior oportunidade que já tive na cidade”, afirmou.
Para a coordenadora do Polo, Carla Rosane Presser, a UAB oportuniza o sonho do ensino superior a muitas pessoas que não tem condições de arcar com os custos de uma universidade paga e nem de se deslocar a outras cidades para acessar uma instituição de ensino gratuita. Segundo ela, o Polo é resultado do projeto UAB, junto ao trabalho das universidades federais do estado, que concedem os cursos e professores, e da Prefeitura Municipal, que colocou à disposição a estrutura física e tomou a iniciativa de buscar o projeto para a cidade.
Quando inaugurado, o Polo tinha três cursos. Atualmente, são 11 cursos de graduação e pós-graduação em andamento, pela Ufrgs, Universidade Federal do Rio Grande do Sul; UFPel, Universidade federal de Pelotas; Ufsm, Universidade Federal de Santa Maria, e IFSul, Instituto Federal Sul-rio-grandense. E Carla afirma que o número de cursos aumentará ainda este ano: serão agregados Licenciatura em Sociologia e pós-graduação em Mídia na Educação.
Foto: Arquivo UAB Picada Café |
VENCENDO DIFICULDADES
Engana-se quem pensa que, por ser a distância, é fácil colar grau através do projeto UAB. Muitas pessoas não se acostumam a estudar o suficiente fora do horário de aula – afinal, nos cursos de graduação há apenas um encontro semanal e nos de pós-graduação, mensal – o que acarreta em grande número de desistências.
Carla conta que no Polo há pessoas formadas e com anos de experiência na área se esforçando muito para serem aprovadas. “É como o curso presencial das universidades, o conteúdo e professores são os mesmos. Mas educação a distância exige muita organização do estudante”, diz. Então, para facilitar a vida dos alunos, o Polo organiza grupos de estudos acompanhados pelos tutores – professores do município ou região que auxiliam os alunos de cada curso.
Foto: Arquivo UAB Picada Café |
De avião, metrô e ônibus
Enquanto muitas pessoas da região não sabem da existência do Pólo UPC ou não se interessaram em conhecê-lo, tem gente que encara mais de mil quilômetros para comparecer às aulas presenciais.
O professor de geografia Rodrigo Crivelaro, 27 anos, é de São Paulo e viaja uma vez por mês de transporte aéreo, ferroviário e rodoviário para chegar ao Polo, onde cursa pós-graduação em Latu Sensu em Gestão Pública. “E dependendo do caminho que faço, só me falta andar de barco”, diz, bem-humorado. Rodrigo conta que optou em vir à Picada Café porque não encontrou o curso almejado em pólos de universidades públicas de São Paulo e acrescenta que teve sorte em escolhê-lo mesmo sem referências.
Ele admite que “driblou” sua própria resistência a educação a distância. “No curso EAD, você tem maior flexibilidade para organizar o seu tempo, para ler os materiais, participar dos fóruns e debates, para realizar atividades”, afirmou.
O professor só presta elogios ao Polo e garante que o empenho para se deslocar é compensatório. “Todo esforço para capacitação profissional e para aquisição de conhecimento sempre é de extrema importância”, completa.
Jonas Patricke Lauxen, 22 anos, sorri quando pedem que faça um “antes e depois” de ingressar no Pólo Universitário de Picada Café. O garoto de Morro Reuter iniciou o curso de Tecnologias em Sistemas para Internet como auxiliar de pedreiro e atualmente atua como programador Web, desenvolvendo sites do Ibetec, de Novo Hamburgo.
Jonas ingressou no Polo por ser uma instituição de ensino federal – não ter custos. Hoje, recomenda-o a todos seus amigos. “Dizem que em educação a distância não se aprende. Aprende tanto quanto o presencial, com a diferença que tu tens que te organizar para estudar sozinho”, disse. Jonas garante que pretende continuar estudando após a formatura que, se tudo der certo, ocorre no final do ano, e diz estar muito feliz com as oportunidades que o curso lhe proporcionou. “Estou fazendo o que gosto”, resume.
Sobre o Polo
· O Polo Universitário de Picada Café, situado na Escola 25 de Julho, existe desde 2007, pelo projeto Universidade Aberta do Brasil, UAB.
· Atualmente dispõe de 11 cursos de graduação e pós-graduação através do método EAD, educação a distância, via internet.
· São oferecidos cursos pela Ufrgs, Universidade Federal do Rio Grande do Sul; UFPel, Universidade federal de Pelotas; Ufsm, Universidade Federal de Santa Maria, e IFSul, Instituto Federal Sul-rio-grandense.
· Os alunos que não tem acesso à internet em casa podem utilizar os 75 computadores instalados no Polo.
· Nos cursos de graduação é realizada uma aula presencial por semana e nos de pós-graduação, aproximadamente uma por mês.
· O ingresso dos estudantes é realizado através de vestibular. As datas das provas e mais informações sobre os cursos podem ser obtidos através do fone (54) 3285-1948 ou e-mail secretaria.poloupc@gmail.com
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