31.1.12

Presidenta Dilma defende parceria estratégica e duradoura entre Brasil e Cuba

Presidenta Dilma defende parceria estratégica e duradoura entre Brasil e Cuba
Na primeira visita oficial a Cuba, presidenta DIlma Rousseff se reúne com o presidente Raúl Castro. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
Na primeira visita oficial a Cuba, a presidenta Dilma Rousseff defendeu hoje (31) uma parceria “estratégica e duradoura” para acelerar o desenvolvimento cubano. Em entrevista coletiva após visita ao Memorial de José Martí, na Praça da Revolução, a presidenta citou os investimentos brasileiros no Porto de Mariel e o financiamento da produção por meio do programa Mais Alimentos.
“A grande ajuda que o Brasil vai dar a Cuba é contribuir para que esse processo, que é um processo que eu não considero que leve a grande coisa, leva mais à pobreza e a problemas sério para as populações que sofrem a questão do bloqueio, a questão do embargo, a questão do impedimento do comércio. Eu acredito que o grande compromisso, a grande contribuição que nós podemos dar aqui em Cuba é ajudar a desenvolver todo o processo econômico”, disse a presidenta.
Além da cooperação econômica, a presidenta Dilma falou ainda sobre direitos humanos, tema que, segundo ela, deve ser discutido dentro de uma “perspectiva multilateral”.
Não é possível fazer da política de direitos humanos só uma arma de combate político-ideológico. O mundo precisa se convencer de que é algo que todos os países do mundo tem de se responsabilizar, inclusive o nosso. Quem atira a primeira pedra tem telhado de vidro. Nós, no Brasil, temos os nossos. Então, eu concordo em falar de direitos humanos dentro de uma perspectiva multilateral. Acho que esse é um compromisso de todos os povos civilizados. Há, necessariamente, muitos aspectos a serem considerados. De fato, é algo que nós temos de melhorar no mundo, de uma maneira geral. Nós não podemos achar que direitos humanos é uma pedra que você joga só de um lado para o outro. Ela serve para nós também.”

Liberado primeiro viaduto estaiado do Estado na BR-116

Liberado primeiro viaduto estaiado do Estado na BR-116
Os motoristas que costumam trafegar pela BR-116, na altura do km 250, vão perceber, a partir de hoje, a diminuição no congestionamento local. Isso por que na manhã desta terça-feira (31) o prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi, acompanhado do ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, e do governador Tarso Genro, inaugurou o primeiro viaduto estaiado (suspenso por cabos de aço) do Rio Grande do Sul, o viaduto da Unisinos. Foram investidos R$ 33 milhões, com recursos provindos do PAC. Também participaram do ato o diretor geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Jorge Hernesto Fraxe, o superintendente do Dnit, Vladimir Casa,  secretários municipais, deputados estaduais e federais.
Os trabalhos iniciaram em agosto de 2009 com a terraplanagem e, em fevereiro de 2010, efetivamente, a construção do viaduto. No total, o projeto tem aproximadamente 2,6 mil metros de extensão, incluindo as alças, e de viaduto são 120 metros. A obra facilita o trajeto para os motoristas que se deslocam entre o Vale dos Sinos e Porto Alegre pela BR-116, além disso, torna o acesso a Unisinos mais seguro, já que o Dnit estima que 7 mil veículos devam transitar diariamente pelo viaduto.
Durante este período de construção, foram encontradas algumas dificuldades como por exemplo, a desapropriação de parte de um motel e a mudança no projeto devido a presença de uma rede subterrânea de gás natural que não estava prevista. Para o prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi, mesmo com as dificuldades encontradas, a obra irá trazer segurança e à população. “Vai beneficiar não só os moradores de São Leopoldo, mas de toda a região e mais ainda quem trafega pela BR-116 levando cargas, por exemplo. O viaduto vai mudar a rotina econômica e social da nossa cidade”, salientou Vanazzi.
O ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, elogiou o viaduto e disse ser uma bela obra. Além disso, aproveitou a oportunidade para anunciar a construção de uma passarela para pedestres e afirmou que a sinaleira de acesso a Avenida Unisinos (penúltima da BR-116), será mantida por mais alguns dias. ”
O viaduto tem passagem para pedestres, mas a sinaleira será mantida por enquanto. Mesmo assim e até mesmo a pedido dos moradores locais, até o final de fevereiro será realizado o edital para a construção de uma passarela que deverá ser concluída até o final do ano”, concluiu o ministro.Logo após o descerramento da placa e do pronunciamento das autoridades, o viaduto da Unisinos foi liberado para o tráfego de veículos.

Prefeito vistoria construção de nova escola no Padre Orestes

Prefeito vistoria construção de nova escola no Padre Orestes
Na tarde desta segunda feira (30), o prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi, juntamente com o Diretor-presidente da Trensurb, Humberto Kasper, e a Secretária de Educação, Leocádia Inês Schoffen, estiveram no loteamento Padre Orestes, no bairro Santos Dumont, para visitar as obras da escola que está sendo construída no loteamento.
O prefeito destacou a importância do projeto. “Nós podemos ver, em três quadras temos três escolas novas, são mais de 3 mil jovens beneficiados com as escolas Padre Orestes, João Goulart e esta agora em construção. Esta nova escola deverá ser entregue ainda em março, dando assim maior qualidade para estes alunos, principalmente para aqueles que foram reassentados da Vila dos Tocos e hoje moram aqui no loteamento”.
Vanazzi ressaltou a importante parceria realizada pelo município. “Tudo que tem no loteamento Padre Orestes é uma parceria entre município, Trensurb e Governo Federal. Reassentar 640 famílias, tratar o esgoto da região, construir escolas, posto de saúde, fazer campo para lazer das pessoas, tudo isto é fruto desta parceria que trouxe diversos benefícios para milhares de pessoas.”
De acordo com a secretária Leocádia Schoffen, a escola beneficiará a rede de ensino infantil e fundamental. “Além do ensino fundamental, a pré-escola também será beneficiada com duas salas. A escola terá capacidade para mil alunos, e contará com sala de informática e quadra coberta”.
Para o diretor-presidente da Trensurb, Humberto Kasper, a população tem que comemorar mais esta grande conquista. “Estamos bastante satisfeitos, pois estamos vendo esta escola com toda sendo construída com toda infra-estrutura de alta qualidade, já com uma quadra esportiva, e o principal, uma grande obra que está dentro do prazo. É uma escola altamente qualificada que é mais uma conquista da população”.
O prédio está sendo construído dentro do loteamento Padre Orestes, e ainda não possui um nome. A data de conclusão está prevista para o primeiro semestre deste ano.

24.1.12

Dilma exalta Lula e diz que Haddad foi 'um grande ministro da Educação'

Dilma exalta Lula e diz que Haddad foi 'um grande ministro da Educação'

A partir da esq.: Mercadante; Gleisi Hoffmann, ministra da Casa Civil; o vice Michel Temer; Dilma; Lula; José Sarney, presidente do Senado; Fernando Haddad; e Marco Antonio Raupp   (Foto: Domingos Tadeu / Divulgação / PR)
A partir da esq.: Mercadante; Gleisi Hoffmann, ministra da Casa Civil; o vice Michel Temer; Dilma; Lula; José Sarney, presidente do Senado; Fernando Haddad; e Marco Antonio Raupp (Foto: Domingos Tadeu / Divulgação / PR)
Posse de ministros da Educação e Ciência teve presença do ex-presidente.
Ex-ministro deixa o governo para candidatar-se à prefeitura paulistana.
Priscilla Mendes e Mariana Oliveira
Do G1, em Brasília

A presidente Dilma Rousseff exaltou nesta terça-feira (24), no Palácio do Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e defendeu a gestão de Fernando Haddad no Ministério da Educação. Em seu discurso na cerimônia de posse dos ministros Aloizio Mercadante (Educação) e Marco Antonio Raupp (Ciência e Tecnologia), Dilma atribuiu à gestão do ex-presidente, de quem Haddad também foi ministro, o que diz considerar bons resultados do governo federal na área da educação.
Haddad deixa o Ministério da Educação para candidatar-se à Prefeitura de São Paulo nas eleições deste ano. Segundo Dilma, ele foi um “grande ministro da Educação”.
“Nós temos de reconhecer de público que a estratégia de colocar a educação da creche à pós-graduação foi instituída pelo senhor [Lula]", disse a presidente. "E é estranho que nesse país precisou de vir um retirante do Nordeste, parar lá em Santos depois chegar em São Paulo e ir a São Bernardo e que não tinha curso universitário para perceber que, para educar bem crianças, para educar bem jovens, você precisa de professores bem treinados", completou.
Lula esteve presente na cerimônia e recebeu aplausos de uma plateia cheia de ministros e políticos da base aliada ao governo.
Em referência aos principais programas do governo federal, Dilma disse ser "inevitável" eventuais "desvios". Para Haddad, falhas como a do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) podem ser usadas pelos adversários na campanha municipal em São Paulo.
“Nenhum de nós é soberbo de achar que um projeto que se faz nasce perfeito. [...] Agora há de reconhecer que um processo que abrange milhões de pessoas é inevitável que nos primeiros tempos você tenha alguns desvios. E esses desvio nós temos a humildade de reconhecer e corrigir, porque quem não é capaz de fazer isso não faz uma boa gestão”, disse a presidente. “Quero reconhecer que o Haddad é capaz de fazer isso”, concluiu.
'Bando de chorões'
Antes de iniciar o discurso, a presidente Dilma saudou Lula. "É uma honra que seja nesse momento que pela primeira vez o nosso querido presidente Lula volta ao Planalto. Sabe, Raupp, com o passar do tempo a gente fica um bando de chorões. Haddad praticamente chorou, Mercadante também. Eu também posso ser obrigada, por não conter as lágrimas, a chorar. Lula sempre dizia 'Pode chorar que não faz mal nenhum'."
Ela afirmou ainda que a cerimônia de posse dos ministros era “especial” para o governo. “Significa muito porque, na verdade, um grande instrumento de construção do futuro desse país passa necessariamente por, no presente, ampliarmos oportunidades e qualidade da educação e assegurarmos que o Brasil seja capaz de produzir ciência, tecnologia e seja capaz de inovar”.
'Casamento'
Dilma afirmou que o "casamento" entre educação, ciência, tecnologia e inovação "transformará o país". Ela elogiou o trabalho coordenado entre as pastas da Educação e de Ciência eTecnologia - orientação recorrente em suas reuniões no Planalto.
Para a presidente, “o Brasil é um país muito especial” porque tem riquezas como petróleo, minério de ferro, indústria sofisticada, agricultura e o que chamou de “classe trabalhadora”. “O Gerdau [Presidente da Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade da Presidência] sempre me disse que a capacidade de trabalho dos brasileiros torna nossa indústria competitiva”, declarou

20.1.12

Vice-presidente do grupo Hyundai confirma fábrica de elevadores em São Leopoldo

Investimento    20/01/2012

08h41Atualizada em 20/01/2012
10h10

Vice-presidente do grupo Hyundai confirma fábrica de elevadores em São Leopoldo
ZERO HORA
Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, Victor Park destaca opção pela mão de obra qualificada na região. Ouça a entrevista AQUI
A Hyundai confirmou o investimento em fábrica de elevadores em São Leopoldo. Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, o vice-presidente de Estratégia e Planejamento Global do grupo sul-coreano, Victor Park, afirmou que a escolha do local se deve boa infraestrutura e logística do município, além da presença de mão de obra qualificada. Ele disse que, ao buscar uma região para instalar a fábrica, várias reuniões foram feitas e a participação do governo do Estado foi determinante para a escolha por São Leopoldo.
O local da planta ainda não foi definido. Segundo Park, a empresa estuda diversos pontos no município. Ainda não há previsão para a conclusão da obra, que depende da questão de infraestrutura e logística, mas o executivo afirma que a construção será rápida, se forem oferecidas condições para isso:
— Pelo conceito coreano, nós conseguimos subir uma fábrica em quatro ou cinco meses, desde que as premissas estejam lá — disse Park.
O investimento do grupo sul-coreano no Estado já havia sido antecipado pela colunista Bela Hammes em seu blog.

19.1.12

São Leopoldo ganha fábrica de elevadores da Hyundai

São Leopoldo ganha fábrica de elevadores da Hyundai


19 de janeiro de 2012  ZERO HORA

São Leopoldo ganhou a disputa pela fábrica de elevadores que a Hyundai construirá no Estado. O anúncio oficial do investimento de US$ 30 milhões será feito em uma cerimônia no município no dia 4. A decisão foi tomada recentemente, mas não foi divulgada porque, primeiro, deveria ser revelada aos prefeitos de Santa Maria e Novo Hamburgo, que também tinham interesse no empreendimento, negociado durante a visita do governador Tarso Genro à Coreia do Sul, no ano passado.

O grupo da Hyundai já escolheu, inclusive, salas no Tecnosinos onde ficará trabalhando nesta primeira etapa.

A prefeitura de São Leopoldo terá amanhã uma reunião técnica, no Palácio Piratini, para definir a cerimônia. Por enquanto, não está definida a localização da futura fábrica: pode ser no distrito industrial São Borja, próximo às instalações da Stihl, em uma área de 10 hectares, com possibilidade de futura expansão de mais 25 hectares. Mas também acabou de ser vistoriada uma outra área: no bairro Arroio da Manteiga, na zona norte de São Leopoldo.

Protocolo com a Petrobras

Um dia antes, no dia 3, a Petrobras, Hyundai, Samsung e governo do Estado assinarão um protocolo de intenções que vai avaliar a possibilidade de o Estado receber um investimento de US$ 4,5 bilhões. A verba poderá ser aplicada aqui se for implantado um terminal de regaseificação e uma fábrica de fertilizantes em Rio Grande. Será instalado um grupo de trabalho para analisar a viabilidade de implantá-los, com prazo de seis meses para apresentar suas conclusões.

Os coreanos, que já estiveram várias vezes no Estado, têm discutido constantemente o assunto com a Petrobras. A Samsung, por exemplo, dispõe de uma nova tecnologia para transportar gás. Ao término do trabalho do grupo, vai ser conhecido o preço do metro cúbico do gás no final do processo, fase vital para embasar a decisão que será tomada depois. A fábrica de fertilizantes seria uma das que garantiriam demanda ao terminal.

14.1.12

Tarso e ministros visitam propriedade rural em Joia

Tarso e ministros visitam propriedade rural em Joia

Governador e ministro da Agricultura anunciarão medidas contra a estiagem

Tarso e ministros visitam propriedade rural em Joia Diego Vara/
Propriedade visitada pelo governador twem oito hectares e teve perdas de 100% no milho Foto: Diego Vara
Em Joia, no noroeste do Estado, o governador Tarso Genro, acompanhado pelos ministros da Agricultura, da Integração Nacional e do Desenvolvimento Agrário, visitou a propriedade de João Onofre Ribeiro da Silva.
Nos oito hectares, onde vive e trabalha uma família de seis pessoas, as perdas foram de 100% na lavoura de milho. Um retrato do minifúndio gaúcho, a propriedade também teve perdas na produção de hortifrutigranjeiros e leite.
Na saída do local, o governador afirmou que outras três reuniões devem acontecer na próxima semana. A expectativa de Tarso é que as medidas emergenciais sejam definidas até sexta-feira, para que a partir da semana seguinte se possa começar a tratar de questões estruturais, de médio e longo prazo.
A comitiva partiu para a Câmara Municipal de Joia, onde serão anunciados os pontos do pacote contra a seca. A expectativa da equipe de Tarso é de que também seja anunciado o subsídio da União ao transporte de milho do Mato Grosso para o Rio Grande do Sul. Naquele Estado, que não teve perdas na produção, a saca do grão é vendida a R$ 18, contra os mais de R$ 30 cobrados no RS. O governo gaúcho pediu ajuda a Brasília para custear o transporte do grão, a fim de que os criadores de gado do RS possam comprar um produto mais barato para alimentar os animais. 

Em Ijuí, Tarso diz que as medidas anunciadas neste sábado serão emergenciaisAcompanhado do ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, o governador Tarso Genro desembarcou no aeroporto de Ijuí, no noroeste do Estado, por volta das 9h30min deste sábado. Logo ao chegar, Tarso teve uma amostra da situação na região: o prefeito interino do município, Ubirajara Teixeira, lhe entregou o decreto de situação de emergência no município, assinado nesta sexta-feira.
Já no primeiro pronunciamento, Tarso deu o tom dos anúncios que serão feitos mais tardes no município de Joia:
— Viemos anunciar medidas objetivas de combate às emergências sociais. Não estamos aqui para falar de medidas de médio e longo prazo — declarou o governador.

Pacote antisseca será anunciado em Joia
Uma cidade de 8,3 mil habitantes, no noroeste do Estado, será palco, às 10h30min deste sábado, do anúncio formal das medidas antisseca dos governos federal e estadual.
Escolhida por ter uma economia dependente da agricultura, encravada em uma região castigada pela ausência de chuvas, Joia receberá os ministros da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, da Agricultura, Mendes Ribeiro, e do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence.
O governador Tarso Genro, que será acompanhado por seis secretários, também promete a liberação de verbas do Estado para combater a seca e prestar “socorro humanitário”, embora  nesta sexta-feira ele tenha se negado a antecipar o volume das cifras.
As medidas do governo federal já são conhecidas: serão liberados R$ 28 milhões para ações emergenciais, como a distribuição de água, cestas básicas e remédios, além da perfuração de poços e da recuperação de açudes. Entram no pacote diferentes modalidades de refinanciamento de dívidas dos agricultores.
No governo estadual, a expectativa é de que a União também atenda aos apelos por apoio na garantia da alimentação animal. O gado está sem pastagem.
— Queremos que o governo federal entregue milho aqui no Estado ao mesmo preço que ele é entregue em Mato Grosso. Aqui chega por R$ 30 a saca. Lá fica em R$ 17 ou R$ 18. Estamos esperando essa resposta — afirma Ivar Pavan, titular da secretaria de Desenvolvimento Rural e Cooperativismo.

"Não estamos aqui para falar de medidas de médio e longo prazo", diz Tarso em Ijuí

"Não estamos aqui para falar de medidas de médio e longo prazo", diz Tarso em Ijuí

Governador e ministro da Agricultura anunciarão medidas contra a estiagem

"Não estamos aqui para falar de medidas de médio e longo prazo", diz Tarso em Ijuí Roberto Witter/
Logo ao chegar a Ijuí, Tarso (C) recebeu o decreto de situação de emergência no município Foto: Roberto Witter
Acompanhado do ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, o governador Tarso Genro desembarcou no aeroporto de Ijuí, no noroeste do Estado, por volta das 9h30min deste sábado. Logo ao chegar, Tarso teve uma amostra da situação na região: o prefeito interino do município, Ubirajara Teixeira, lhe entregou o decreto de situação de emergência no município, assinado nesta sexta-feira.
Já no primeiro pronunciamento, Tarso deu o tom dos anúncios que serão feitos mais tardes no município de Joia:

— Viemos anunciar medidas objetivas de combate às emergências sociais. Não estamos aqui para falar de medidas de médio e longo prazo — declarou o governador.

Pacote antisseca será anunciado em Joia

Uma cidade de 8,3 mil habitantes, no noroeste do Estado, será palco, às 10h30min deste sábado, do anúncio formal das medidas antisseca dos governos federal e estadual.

Escolhida por ter uma economia dependente da agricultura, encravada em uma região castigada pela ausência de chuvas, Joia receberá os ministros da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, da Agricultura, Mendes Ribeiro, e do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence.

O governador Tarso Genro, que será acompanhado por seis secretários, também promete a liberação de verbas do Estado para combater a seca e prestar “socorro humanitário”, embora  nesta sexta-feira ele tenha se negado a antecipar o volume das cifras.

As medidas do governo federal já são conhecidas: serão liberados R$ 28 milhões para ações emergenciais, como a distribuição de água, cestas básicas e remédios, além da perfuração de poços e da recuperação de açudes. Entram no pacote diferentes modalidades de refinanciamento de dívidas dos agricultores.

No governo estadual, a expectativa é de que a União também atenda aos apelos por apoio na garantia da alimentação animal. O gado está sem pastagem.

— Queremos que o governo federal entregue milho aqui no Estado ao mesmo preço que ele é entregue em Mato Grosso. Aqui chega por R$ 30 a saca. Lá fica em R$ 17 ou R$ 18. Estamos esperando essa resposta — afirma Ivar Pavan, titular da secretaria de Desenvolvimento Rural e Cooperativismo.

Pacote contra a seca chegará a R$ 52 milhões, anunciam Tarso e ministros

Pacote contra a seca chegará a R$ 52 milhões, anunciam Tarso e ministros

Além da verba, Estado será incluído em programa do governo federal de amparo a Estados do semiárido nordestino

Pacote contra a seca chegará a R$ 52 milhões, anunciam Tarso e ministros Roberto Witter/
Pacote contra a seca foi anunciado na Câmara Municipal de Joia Foto: Roberto Witter
Carlos Wagner   ZH
Um reforço extra de R$ 12 milhões foi a carta que o governador Tarso Genro guardou na manga para anunciar na manhã deste sábado, em Joia, no noroeste do Estado.
Somado aos R$ 28 milhões já anunciados pelo governo federal durante a semana, aos R$ 6 milhões de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para irrigação antecipados na sexta-feira e aos R$ 6,7 milhões que a Secretaria Estadual de Obras Públicas já vem investindo nos últimos 10 dias, o auxílio imediato aos produtores afetados pela seca, soma R$ 52,7 milhões.
O recurso extra é destinado aos municípios que decretaram situação de emergência devido à seca e será empenhado em perfuração de poços artesianos, compra de combustível para caminhões, construção de caixas d’água, doação de cestas básicas e locação de maquinário para fazer açudes e canais. A verba provém de duas secretarias e da Corsan.

Ao anunciar os recursos, na Câmara de Vereadores de Joia, o governador buscou tranquilizar:
– O Estado não vive uma situação de catástrofe e, sim, um problema que se repete de tempos em tempos.
Os ministros da Integração Nacional, Fernando Bezerra, da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, e do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, acompanharam o governador na visita a Joia. E também trouxeram novidades ao Estado.
Bezerra anunciou que o Estado será incluído no programa Água para Todos, criado para auxiliar Estados do semiárido do nordeste do país. Florence anunciou que os agricultores que não contrataram seguro agrícola receberão milho comprado em outros Estados e trigo do Rio Grande do Sul para alimentar os animais. Para quem tem seguro, as vistorias serão aceleradas. Haverá ainda fornecimento de água para consumo humano e de animais e prorrogação das prestações dos financiamentos.

Confira o detalhamento do uso dos recursos do pacote antisseca:


 R$ 18 milhões para ajuda humanitária
- O valor, da União, está no caixa do Estado desde o ano passado e agora poderá ser repassado imediatamente aos municípios que decretaram situação de emergência. Poderá ser usado na distribuição de cestas básicas
- O uso do dinheiro foi autorizado na segunda-feira
R$ 10 milhões na prevenção da seca
- Valor da União deve ser repassado ao Estado até o fim do mês para ser aplicado na perfuração de poços artesianos, construção de redes de água e recuperação de barragens. Os critérios para o repasse serão definidos na próxima semana
- A verba foi anunciada na quinta-feira
R$ 6 milhões para projetos de irrigação
- Uma linha de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no valor de R$ 6 milhões será colocada à disposição dos produtores para investimento na tecnologia
- O convênio foi divulgado na sexta-feira
R$ 6,7 milhões para obras
- R$ 3,7 milhões serão destinados para recuperação de poços artesianos e redes de água e R$ 3 milhões para recuperação de açudes
- Liberados pelo governo gaúcho no início do mês para a Secretaria de Obras, os recursos já estão sendo aplicados
R$ 12 milhões para atendimento dos efeitos da seca
- R$ 3 milhões da Secretaria de Obras para locação de máquinas
- R$ 4 milhões da Corsan para redes de água e poços em municípios onde a autarquia atende
- R$ 5 milhões remanejados do orçamento da Secretaria da Habitação em municípios onde a Corsan não atende

13.1.12

Usina de Reciclagem será ampliada em Dois Irmãos

Usina de Reciclagem será ampliada em Dois Irmãos

Prefeito, ex-secretário Vianei representando Fontana, conversam sobre a ampliação com Irineu Engelhof e a secretária da Cooperativa, Marlice Lampert
Créditos: DIVULGAÇÃO  - Jornal O DIÁRIO

Dois Irmãos - O prefeito Miguel Schwengber foi dar as boas noticias para a equipe da Usina de Reciclagem de Dois Irmãos. A usina que funciona como cooperativa recebeu a aprovação da Funasa para a ampliação do espaço, onde serão investidos R$ 400 mil em 400 m², além da compra de uma empilhadeira. A previsão é de que a obra inicie ainda neste semestre. “Dois Irmãos conseguiu mais esta obra por intermédio do nosso ex-secretário Paulo Vianei junto ao deputado Henrique Fontana. Esta ampliação melhorará as condições de trabalho dos cooperativados da usina.”
Para melhorar ainda mais as condições em que é realizado o trabalho de seleção do lixo orgânico e inorgânico, o município já efetuou a compra de uma nova esteira de separação, de 13,5m que comportará 15 pessoas trabalhando. Atualmente a usina funciona com apenas uma esteira, a mesma de 17 anos atrás quando a cooperativa foi criada. Segundo o tesoureiro da Cooperativa, Irineu Engelhof, por ter uma esteira pequena, muito material acaba escapando da seleção mais minuciosa. “Hoje não temos nem lugar para caminhar direito. Com esta ampliação o trabalho vai melhorar bastante, o espaço ficará mais organizado e arejado.”
Mais espaço com nova cozinha e refeitório
A ideia para ampliação do espaço já existe há mais tempo. “Quando eu assumi a secretaria de Serviços Urbanos tomei conhecimento da aflição da equipe da Usina quanto ao pequeno espaço físico e a quantidade de material que recebiam. Depois assumi a Secretaria de Administração e então concretizamos a ideia de terceirização parcial do recolhimento do lixo seco e também começamos a trabalham com projetos para a ampliação do espaço físico da usina.”, conta o ex-secretário, Paulo Vianei.
A coleta seletiva, que reverte em material para a Usina existe há 17 anos de maneira ininterrupta. Futuramente a prefeitura pretende construir um espaço com cozinha, refeitório e sala de aula para que os alunos de Educação Ambiental possam conhecer de perto o trabalho realizado pela usina de reciclagem.

10.1.12

Os vendilhões dos templos eletrônicos em tempos de espertalhões da fé

Os vendilhões dos templos eletrônicos em tempos de espertalhões da fé
A estrela do Show da Fé, R. R. Soares
Marcos AC/R.R. Soares/Flickr

Luiz Cláudio Cunha *
Especial para o Sul21
Incapaz de vender a alma ao diabo, a Rede Bandeirantes acaba de revender seu santo horário da noite para o pastor R.R. Soares, o líder da Igreja Internacional da Graça de Deus. O seu ‘Show da Fé’ de 20 minutos, que começava religiosamente às 21h, agora vai durar uma hora inteira, a partir das 20h30. Não se sabe ainda quanto custou esse novo e triplicado milagre, mas pelo contrato antigo o bom pastor já pagava R$ 5 milhões mensais à Band. O vil metal falou mais alto para a TV de Johnny Saad, que anunciava a devolução do horário nobre da noite a seriados consagrados, como o 24 Horas, para concorrer com as novelas da Globo e as séries do SBT, todas com melhor audiência.
De 20 minutos para uma hora diária na Band
Marcos AC/R.R. Soares/Flickr
A novidade escangalhou os planos do argentino Diego Guebel, que assumiu a direção artística da Band em outubro passado com a promessa de recuperar o espaço nobre e caro da noite para atrações mais mundanas do que a prosopopeia de Soares. A bíblica derrota de Guebel na Band é apenas outro indício da onda avassaladora do dinheiro que afoga a TV brasileira deste Brasil cínico que finge ser laico e imune à força econômica da religião e seus falsos profetas. Os canais de rádio e TV são concessões públicas, supostamente alheias aos credos e seitas religiosas que transformaram estúdios, igrejas, templos e estádios em púlpitos eletrônicos cada vez mais invasivos e escancarados.
Não existe ninguém no Governo ou no Congresso brasileiros com coragem para frear essa flagrante ilegalidade, sancionada por verbas, dízimos, patrocínios e uma farta hipocrisia. A irrestrita capitulação aos padres e pastores que lideram milhões de fiéis (e eleitores) ficou escancarada na última eleição presidencial, em 2010, quando os dois principais candidatos com raízes na esquerda — Dilma Rousseff e José Serra — sucumbiram vergonhosamente à chantagem das correntes mais atrasadas das igrejas, frequentando missas e cultos com o gestual mal ensaiado de pios devotos que não sabiam nem metade da missa, nem qualquer salmo dos evangelhos. Encenaram um constrangedor teatro de conversão medida para não ofender o eleitor mais ortodoxo. Para não perder votos, Dilma e Serra caíram na armadilha do falso debate religioso sobre o aborto — um tema que um e outro, por mera consciência política ou formação acadêmica, sabem que nos países mais evoluídos não passa de um grave e secular problema de saúde pública.
Os evangélicos detêm 80 rádios e quase 280 emissoras de TV
Edir Macedo/Facebook
A submissão das instâncias do Estado secular ao poder cada vez maior das igrejas pode ser medida pela intrusão cada vez mais descarada da fé nos meios eletrônicos do Brasil, que deturpam a concessão pública pelo proselitismo religioso vetado pela Constituição. A igreja católica brasileira agrupa hoje mais de 200 rádios e quase 50 emissoras de TV, contra 80 rádios e quase 280 emissoras de TV de oito braços do crescente ramo evangélico. É um domínio que se fortalece cada vez mais, embora adaptando seu perfil para fórmulas mais agressivas e despudoradas de avanço sobre o bolso das populações mais pobres, mais desesperadas, menos instruídas.
Comer ou dormir
Em agosto de 2011, a Fundação Getúlio Vargas divulgou o Novo Mapa das Religiões, um denso estudo realizado pelo Centro de Políticas Sociais da FGV, com base em 200 mil entrevistas formuladas pelo IBGE em 2009 a partir de sua Pesquisa de Orçamento Familiar (POF). O trabalho mostrou que o Brasil deixará de ser a maior nação católica do mundo nos próximos 20 anos, mantida a queda progressiva que sofre a Igreja no país. Ela representava 83,24% da população em 1991 e caiu para 68,43% em 2009. “As mudanças que antes ocorriam em 100 anos agora acontecem em 10. Se esta perda de 1% de católicos por ano continuar, a Igreja católica terá em 20 anos menos da metade da população brasileira”, destacou o coordenador da pesquisa, Marcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas Sociais da FGV.
A economia é um forte indutor desta transformação, diz Neri. Ele lembra que as chamadas ‘décadas perdidas’ de 1980 e 1990 foram demarcadas pela queda do catolicismo em contraste com a ascensão dos grupos evangélicos, especialmente seus ramos mais belicosos e vorazes — os neopentecostais. O período de 2003 a 2009, compreendido entre duas graves crises econômicas, observa uma segunda explosão evangélica, passando de 17,9% para 20,2%. A primeira explosão, ainda maior, ocorreu nas últimas seis décadas do Século 20, quando os evangélicos aumentaram seu rebanho em sete vezes: passaram de 2,6% em 1940 para 15,4% em 2000. A FGV foi buscar no alemão Max Weber (1864-1920), o pai da moderna sociologia, o fundamento teórico que explica o avanço arrebatador dos evangélicos, a partir de sua obra mais conhecida — A ética protestante e o ‘espírito’ do capitalismo, publicada em 1904-05. Ali, Weber explica o maior desenvolvimento capitalista nos países protestantes no Século 19 e a maior proporção desses fiéis entre empresários e trabalhadores mais qualificados. “A tese de Weber era que o estilo de vida católico jogava para outra vida a conquista da felicidade. A culpa católica inibiria a acumulação de capital e a lógica da dívida de trabalho, motores fundamentais do desenvolvimento capitalista”, escreve Neri.
Weber: Melhor comer que dormir em paz
Weber repetia um ditado da época: “Entre bem comer ou bem dormir, há que escolher. O protestante quer comer bem, enquanto o católico quer dormir sossegado”. O pensador alemão constrói seu texto em cima de máximas do inventor e calvinista americano Benjamin Franklin (1706-1790), um dos líderes da Independência dos Estados Unidos, que dizia que “tempo é dinheiro” e “dinheiro gera mais dinheiro”. Era uma notável conversão justamente aos argumentos opostos que levaram ao grande cisma do cristianismo, no início do Século 16, quando um atrevido padre agostiniano alemão, Martinho Lutero, pregou nos portões da igreja de Wittenberg as suas 95 teses que desafiavam a autoridade do Papa e quebravam a hegemonia de Roma sobre o mundo cristão. Na época, Lutero denunciava justamente o que seria o âmago da Reforma Protestante: o desvio do caminho de fé da igreja primitiva para o atalho da corrupção, da indulgência, da simonia e da luxúria de papas e cardeais rodeados de amantes e concubinas, antecessores lascivos dos bispos e padres que comem criancinhas.
Teologia do bolso
Lutero e sua radical volta às origens, estimulando o protesto aos desvios éticos de Roma e o retorno à palavra original dos evangelhos, geraram os dois termos que identificam os segmentos mais prósperos da dissidência cristã: os protestantes e os evangélicos, onde brilha sua facção mais agressiva e endinheirada — o pentecostalismo, que hoje abriga no mundo cerca de 600 milhões de seguidores, pulverizados em 11 mil seitas e subgrupos. Ali viceja sua parcela mais faustosa: a corrente neopentecostal, a que pertencem o abonado bispo R.R. Soares e seus parceiros mais ricos, os também bispos Edir Macedo, Silas Malafaia e Valdemiro Santiago, cada um chefiando sua própria seita, sempre na condição suprema de ‘apóstolos’. Todos mostram uma devoção especial pela alma e pelo bolso de seus seguidores, a quem não se acanham de pedir contribuições financeiras a que, recatadamente, chamam de ‘oferta’.
Apóstolo sertanejo Valdemiro Santiago
Eduardo Pinto/impd.org.br
Para não atormentar ainda mais a vida de sua aflita freguesia, os quatro chefes religiosos tratam de facilitar ao máximo as ofertas financeiras. Na tela da TV de seus animados cultos, sempre se oferece o número das contas bancárias, a bandeira dos cartões de crédito ou o telefone para informações extras que permitam a oferta, rápida e facilitada. Nenhum deles fica ruborizado pela insistência do pedido de ajuda, porque todos são pios devotos da ‘Teologia da Prosperidade’, uma doutrina pecuniária que faria o velho Lutero engolir cada uma das 95 teses que vomitou contra a cupidez da velha Roma.
A ideia nasceu, evidentemente, no coração do capitalismo, os Estados Unidos, no início do Século 20. O pai dessa fé sonante é o americano Essek William Kenyon (1867-1948), um evangelista de origem metodista nascido em Saratoga, Estado de Nova York. Descobriu o milagre do rádio e plantou ali a sua “Igreja no Ar”, a ancestral eletrônica dos R.R.Soares e Malafaias da vida. Espalhou então aos quatro ventos o lema que explica as benesses divinas da fartura: “O que eu confesso, eu possuo”.
Kenyon passou o bastão da prosperidade para um conterrâneo, Kenneth Erwin Hagin (1917-2003), um jovem texano com deficiência cardíaca, que caiu de cama quando adolescente. Garantiu ter ido e voltado ao inferno e ao céu não uma, nem duas, mas três (três!) vezes. Com este desempenho singular, até para campeões de esportes radicais, o jovem naturalmente converteu-se. Dizendo-se ungido para ser mestre e profeta, Hagin garantia ter tido oito (oito!) visões de Cristo na década de 1950, além de acumular alguns passeios extracorpóreos. Tudo isso acrescido pela divina revelação de que os verdadeiros fiéis deviam gozar de uma excelente saúde financeira e que o caminho da fortuna passava, inevitavelmente, pela prosperidade de seus profetas aqui na Terra. Foi sopa no mel, e a teologia da prosperidade conquistou corações e mentes — e bolsos.
Na conta do santo
O dono da Record, bispo Edir Macedo, segunda maior audiência do país / Facebook
A primeira semente deste ostensivo neopentecostalismo brotou no Brasil com a Igreja Universal do Reino de Deus, fundada em 1977 pelo bispo Edir Macedo. Três anos depois, o pastor R.R. Soares, casado com Magdalena, irmã de Macedo, saiu do ninho da Universal para fundar sua própria igreja, a Internacional da Graça de Deus, que acaba de alugar a tela do horário nobre da Band graças ao verbo divino e a verba milionária do pastor. Uma década depois, o bispo Macedo, ainda mais próspero do que o cunhado, comprou a sua própria rede de TV, a Record, hoje a segunda maior audiência do país (4,7 pontos) no horário nobre das noites de dezembro passado, embora ainda distante da Globo (13,8).
Os televangelistas brasileiros aparentemente compõem um paraíso na terra e no ar rico em mirra, incenso e ouro, muito ouro. Há tempos, quatro grupos evangélicos rondam o empresário Sílvio Santos, que topa tudo por dinheiro, na esperança de amealhar o espaço das madrugadas do SBT por módicos R$ 20 milhões mensais. Em 2009, o próprio Edir Macedo alvejou sua maior concorrente: ofertou R$ 545 milhões para alugar o espaço das madrugadas da Rede Globo para a sua Igreja. A Globo piscou, não respondeu, e o bispo voltou à carga em agosto passado, disposto a mover céus e terras. Nada feito.
A contabilidade desses pastores, pelo jeito, oscila entre o inferno e o paraíso. O bispo que oferecia milhões para comprar um naco do maior concorrente era o mesmo dono da Igreja que fazia um descarado apelo em seu blog, em abril passado, para que os fieis juntassem alguns trocados para ajudá-lo a pagar a conta salgada de seu site. Coisa miúda, apenas R$ 107.622 mensais, que o pobre bispo diz gastar com despesas mundanas como hospedagem do servidor, salário dos funcionários, água, luz e gastos administrativos da manutenção do site. “Se o Espírito Santo lhe tocar, nos ajude a carregar essa responsabilidade”, escreveu o bispo, implorando por uma doação mínima de R$ 20.
Um novo dia de um novo tempo começou para a Globo e os evangélicos
Foto: Divulgação
O espírito santo, aparentemente, tocou a Rede Globo. A emissora dos Marinho odeia o bispo Macedo, mas adora os evangélicos. Na véspera do Natal de 2011, 18 de dezembro, a maior rede desta vasta nação católica rasgou o hábito e transmitiu o seu primeiro evento evangélico, gravado uma semana antes no Aterro do Flamengo, no Rio. O público presente, apenas 20 mil pessoas, foi uma heresia para as ambições bíblicas da Globo, mas a fiel audiência na telinha na tarde do domingo seguinte foi uma bênção divina. Ao longo dos 75 minutos do programa, condensado de quase oito horas de gravação ao vivo (entre 14h e 21h30), apresentaram-se nove artistas no ‘Festival Promessas 2011′, sob o comando do astro global Serginho Groisman. Um dos mais festejados foi o cantor Regis Danese, 39 anos, que vendeu um milhão de cópias com um único disco gospel, “Compromisso”, o único a conquistar o primeiro lugar em rádios e TVs seculares do país e que lhe garantiu a indicação para o prêmio Grammy Latino em 2009.
A conversão da Globo
Antes desse sucesso, Danese já era consagrado como artista do “Só Pra Contrariar”, um grupo de pagode que ainda ostenta o 27º lugar do ranking brasileiro, com 8 milhões de discos vendidos. Apesar disso, com problemas no casamento, converteu-se ao protestantismo no início do século. Salvou o matrimônio com Kelly, sua parceira musical, e engordou ainda mais o bolso. O álbum “Compromisso”, que conquistou o ‘Disco de Diamante’ pela venda de 500 mil cópias em apenas quatro meses de 2008, traz o seu maior sucesso, Faz um Milagre em Mim. O jornalista Tom Phillips, do diário britânico The Guardian, anotou que, logo após sua triunfal apresentação no festival da Globo, Danese foi indagado na entrevista coletiva sobre os fundamentos deste milagre musical: “O senhor escutou a voz de Deus? O que ele disse?”, perguntavam-lhe. O ex-pagodeiro explicava e, embevecido, o isento repórter da revista Nova Jerusalém ressoava a cada resposta: “Amém. Louvado seja o Senhor!”
O CD "Compromisso". Sucesso absoluto.
Foto: Divulgação
A genuflexão da Globo não representa uma súbita conversão da emissora ao credo evangélico da música: “A Globo não é um canal católico, e sim secular e republicano. Apenas documentamos um festival gospel por sua crescente importância na vida cultural do Brasil”, esquivou-se Luiz Gleizer, diretor da TV, ao jornalista britânico que ecoou o festival sob uma manchete embalada pela típica ironia inglesa: “O Gospel começa a dar o tom no Brasil, a casa da bossa nova”.
Os profetas da Globo não sabem entoar um único salmo, mas como os apóstolos eletrônicos da concorrência também têm um ouvido afinado pelo doce tilintar das moedas do templo. Isso não é contado nem no confessionário, mas os querubins globais sussurram nos corredores da ‘Vênus Platinada’ que os direitos de comercialização e os espaços publicitários do festival renderam à Globo algo entre R$ 35 milhões a R$ 55 milhões, o suficiente para remir muitos pecados, dúvidas e dívidas, aqui na terra e lá no céu. O grupo é dono da gravadora Som Livre e de um catálogo religioso onde brilham ídolos como o padre católico Fábio de Melo, que já vendeu quase 2 milhões de CDs pelo selo global.
O olho cúpido e republicano da Globo está mirando um mercado de música gospel que o The Guardian estima em R$ 1,5 bilhão, um paraíso econômico onde se irmanam crentes, artistas, emissoras laicas, pastores, espertalhões, vigaristas e políticos de todas as crenças, devotos todos do santo dinheiro que cai do céu diretamente em seus bolsos. O fluminense Arolde de Oliveira, deputado federal pelo PSD — aquele diabólico partido nascido da costela do prefeito Gilberto Kassab e que garante não pertencer nem ao paraíso, nem ao inferno, nem ao purgatório —, é dono da rádio 93 FM e do Grupo MK Music, que ele jura ser o maior selo de música gospel do continente. “Mais de 60 milhões de brasileiros estão direta ou indiretamente ligados à Igreja Evangélica”, lembra o deputado Oliveira. A Globo, como se vê, tem a inspiração divina e o ouvido apurado.
Pastor Silas Malafaia: "A Globo abre espaço para o louvor e adoração a Deus"
vitoriaemcristo.org
O festival Promessas abriu as portas de uma terra prometida para os profetas globais. No domingo gospel, a audiência da Globo subiu aos céus, dando-lhe a indulgência de miraculosos 13 pontos no Ibope (cada ponto representa 58 mil aparelhos ligados), bem mais do que os 7 humildes pontos habituais do horário. O pastor Silas Malafaia, inimigo da Universal do bispo Macedo, aproveitou e tripudiou no seu site: “A Record não acreditou nos evangélicos, a Globo acreditou e arrebentou na audiência! Enquanto a Record fala mal dos cantores e da igreja, a Globo abre espaço para o louvor e adoração a Deus”. E arrematou com um desajeitado elogio que deve ter sobressaltado as almas globais: “Quando os que deveriam abrir as portas fecham, Deus usa os ímpios para glorificá-lo”. Iluminada pela santa promessa do Ibope, a ímpia Rede Globo prepara mais três edições do sucesso gospel para 2012 — duas versões regionais e uma nacional, evitando cuidadosamente o Rio de Janeiro, que já padece a praga de um congestionamento evangélico todo santo ano.
O golpe do martelinho
O lider da Igreja Mundial do Poder de Deus, Valdemiro Santiago
Eduardo Pinto/impd.org.br
Valdemiro Santiago é outro desgarrado da Universal. Depois de ser considerado um virtual sucessor de Edir Macedo, brigou com ele e saiu para fundar em 1998 a sua seita, a Igreja Mundial do Poder de Deus. Começou com 16 membros e hoje o apóstolo Valdemiro chefia mais de dois mil templos, alguns na África e em Portugal, e um jornal mensal, Fé Mundial, com tiragem de 500 mil exemplares — além de um maçante trololó diário de 22 horas na Rede 21, uma subsidiária da Rede Bandeirantes, que administra as duas horas restantes.
Sua marca registrada é um chapéu de boiadeiro, o que reforça sua imagem de astro sertanejo, que costuma ganhar espaço até no Jornal Nacional da Globo, uma devota do divisionismo que Valdemiro poderia provocar nas legiões de seu arqui-inimigo Edir Macedo. Quando enfrenta problemas de caixa, Valdemiro confia no santo gogó. Em 2010, chorou diante das câmeras de TV ao convocar 150 mil fiéis para ofertarem R$ 153, o número de peixes de um alegado milagre de Cristo. Faturou cerca de R$ 23 milhões.
Empolgado, o bispo sertanejo imaginou outra forma esperta de arrecadar dinheiro fácil, mas desta vez sem choro. Criou a campanha do “Martelinho da Justiça”, um pequeno, baratinho malho de madeira capaz de quebrar mandingas, maus-olhados e “as pedras que atravessam os seus caminhos”. A clava fajuta de Valdemiro, que despertaria a inveja do grande Thor, devia ser canonizada como a mais cara do mundo: cada oferta pelo martelinho tinha o mínimo de R$ 1 mil e Valdemiro esperava que 10 mil de seus seguidores o abençoassem com a compra do mimo, o que rechearia seu chapelão com R$ 10 milhões.
No reclame da Igreja Mundial na TV, o pastor de português trôpego, voz rouca, terno e gravata mostrava a certeza das favas divinas e muito bem calculadas: “Ainda hoje ou amanhã, na primeira hora, você vai até a agência bancária e faz esta ‘ofertinha’ de R$ 1 mil. Depois, mandaremos o martelinho pelo correio”. Para esse milagre acontecer, bastava ao crente fazer o depósito nas contas indicadas na tela e disponíveis no Banco do Brasil, Bradesco ou Caixa Econômica Federal. “De preferência no BB, como o nosso apóstolo tem nos orientado”, aconselhava o pastor, com ar compungido.
A atrevida igreja de Valdemiro já vendeu garrafinhas Pet de 400 ml com ‘água ungida’, entregues por ‘ofertas’ de R$ 100, R$ 200 ou até R$ 1.000, prometendo resultados espantosos: “Uma única gota dessa água será o suficiente para mudar a história de sua vida, para lhe abençoar de uma forma poderosa”, jurava o santo homem, escoltado por outros oito pastores calados e sisudos, todos de gravata e terno escuro. Se usassem óculos pretos iria parecer uma paródia do CQC, sem a divina graça do programa humorístico da Band que sucede o show religioso do pastor R.R. Soares nas noites da segunda-feira.
O trovão homofóbico
O bizarro merchandising da Mundial tem produzido bons resultados, pelo menos para as finanças da igreja de Valdemiro. No primeiro dia de 2012 ele inaugurou em Guarulhos, SP, a ‘Cidade Mundial’, um megatemplo de 240 mil metros quadrados e capacidade para acolher 150 mil fieis da Igreja Mundial do Poder de Deus — mais de duas vezes a lotação prevista do Itaquerão (68 mil lugares), o estádio que o Corinthians está construindo para a Copa do Mundo de 2014. Para erigir o templo, Valdemiro viu a igreja aumentar seus gastos mensais em R$ 30 milhões, prova de que o martelinho e a garrafinha são realmente miraculosos.
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Malafaia: Na santa cruzada contra a proposta de lei que combate a homofobia
Foto: Valter Campanato/ABr
O pastor Silas Malafaia, chefe supremo da AVEC, sigla da associação que mantém a Igreja Vitória em Cristo, é a voz mais trovejante desse abusado mercado da fé ancorado nos fundamentos pétreos da Teologia da Prosperidade. Embora tenha os mesmos instrumentos de redenção econômica de Edir Macedo, Malafaia é um inimigo mortal do dono da Universal. Divergiram até na eleição presidencial de 2010: ele primeiro apoiou Marina Silva, depois fulminou sua opção pelo plebiscito no debate sobre o aborto (“cristão não tergiversa nesse tema”), e acabou fazendo campanha por Serra, adversário de Dilma, apoiada justamente pelo rival bispo Macedo. Malafaia é figura fácil no Congresso Nacional, em Brasília, onde veste a armadura de sua santa cruzada contra a proposta de lei que combate a homofobia: “O projeto [que garante a livre orientação sexual] é a primeira porta para a pedofilia”, reza, com a fúria dos justos. Numa entrevista a uma revista religiosa, crucificou como “idiotas” todos os pastores que, ao contrário dele, não apostam suas fichas, martelinhos e garrafinhas na Teologia da Prosperidade.
Ele não poupa a garganta e fala muito: quase todo santo dia, Malafaia se esparrama por cinco horas de programas variados em redes nacionais como CNT, Rede TV, Boas Novas e Bandeirantes e ocupa os sábados de emissoras regionais em outros 15 Estados. Seu programa se espalha pelos Estados Unidos e Canadá e, desde meados de 2010, Malafaia atinge 142 milhões de lares em 127 países da África, Ásia, Oriente e Médio e Europa, com o apoio da americana Inspiration Network, que faz a dublagem para o inglês.
Para tornar mais veraz sua pregação, às vezes importa dos Estados Unidos especialistas nesta riqueza material. No ano passado, junto com o pastor americano Mike Murdock, Malafaia lançou o projeto do “Clube de 1 Milhão de Almas”. Alma, sabem os televangelistas, custa caro. Ele pretendia arrebanhar um milhão de crentes para sua grei e seus programas de TV, mediante a ‘oferta’ (voluntária, claro) de R$ 1 mil — ou seja, um martelinho de madeira, pelo generoso chapéu do bispo Valdemiro. Na conta do lápis, uma bolada plena de R$ 1 bilhão, capaz de pagar mais do que cinco Mega-Senas da Virada, que bateu em R$ 177 milhões no réveillon de 2011. Os ofertantes ganhariam o livro 1001 Chaves da Sabedoria, do pastor Murdock, e um certificado do clube milionário, em todos os sentidos.
Para inspirar o seu rebanho, Malafaia teve a feliz ideia de colocar um contador de acessos na página da igreja para que todos acompanhassem a adesão em catadupa do milhão de almas. Algo deu errado, ou o martelinho não funcionou. Lançado em abril do ano passado, o contador da igreja Vitória em Cristo virou uma estátua de sal, como a mulher de Lot em Gênesis (19,26) e estagnou num número pífio: miseráveis 58.875 almas era a contagem de quinta-feira passada, 5 de janeiro. Um inferno de faturamento que não chegou a R$ 60 milhões, muito distante do paraíso do R$ 1 bilhão arquitetado pelo diabólico Malafaia. Faltam portanto ainda 941.125 almas para Malafaia inaugurar, sob as trombetas de Jericó, o seu clube milionário. Haja martelinho!
O supermercado da fé
O bravo Malafaia não desiste facilmente. Em 2009 ele lançou a campanha de uma Bíblia por módicos R$ 900, pouco menos que um martelinho. Era a tarifa da Bíblia da Batalha Espiritual e Vitória Financeira, sacada genial de outro gênio da prosperidade, o pastor americano Morris Cerullo. Desta vez, a garrafinha deve ter funcionado, pois antes do final do ano ele viajou à Flórida, nos Estados Unidos, e lá viu se materializar, em nome da Vitória em Cristo, um jato executivo Cessna quase novo, modelo Citation Excel, pela bagatela de 12 milhões — de dólares !
Pastor Silas Malafaia: adepto dos "Programas de Fidelidade"
vitoriaemcristo.org
Se alguém tiver alguma restrição a Bíblia, martelinho ou garrafinha, nem assim terá qualquer constrangimento para auxiliar o empreendimento celestial de Malafaia. Na sua página na Internet (www.vitoriaemcristo.org), o bom pastor dá a boa notícia de que todos podem participar de sua jornada, tornando-se seu ‘Parceiro Ministerial’, um programa de fidelidade da Igreja que arrecada fundos para manter seus programas de TV. A porta está aberta a “qualquer pessoa que receba de Deus a visão de abençoar vidas, proclamando o Evangelho por meio das mensagens do pastor Malafaia”, explica o dono do site e da igreja. Dependendo do tamanho da carteira, seu título de parceiro também cresce: o ‘Especial’ paga R$ 15 mensais, o ‘Fiel’ doa R$ 30 e o ‘Gideão’ entra na cota de sacrifício do martelinho: R$ 1 mil mensais, com direito a um exemplar por mês da revista Fiel, livros, Bíblias e um cartão para 10% de descontos nos produtos da Editora Central Gospel comprados pelo telemarketing, “desde que não esteja em promoção”.
Virar parceiro do pastor é fácil, pagar é muito mais. A organização abençoada de Malafaia trabalha com o ganhoso instrumental financeiro de uma grande loja de departamentos, como convém a este éden da prosperidade. A igreja Vitória em Cristo opera, sem preconceitos, com cartões Visa, Master, Diners, Amex ou Hipercard e tem contas abertas, sem discriminação, com o Banco do Brasil, HSBC, Bradesco ou Itaú, além de trabalhar com boletos bancários ou cheques nominais. Malafaia aceita boletos antecipados para o ano todo, mas nenhuma contribuição abaixo de R$ 15. Acima, pode.
Abobrinhas e beterraba
Agora, esse mundo dourado de riquezas, promessas, ofertas, obras e fartura vai ganhar outro e inesperado púlpito: um espaço de brilho, luzes e discussões mundanas, terrenas, insinuantes, quase lascivas. Começa na terça-feira (10/1) a 12º edição do ‘Big Brother Brasil’, o reality show da Globo que arrebata o país por 12 semanas no seu jogo canalha de perfídias, traições, intrigas e sensualidade explícitas, onde garotas curvilíneas e garotos musculosos, todos transbordantes de hormônios e carentes de neurônios, desfilam suas abobrinhas em diálogos patetas e reflexões idiotas. O jornalista Eugênio Bucci, professor de Ética Jornalística da ECA-USP e da ESPM, de São Paulo, tatuou o BBB como “o mais deseducativo programa da TV brasileira, onde a fama justifica qualquer humilhação”.
Na TV, onde nada se cria e tudo se copia, a Record também tem sua versão BBB, “A Fazenda”, com mais roupa e a mesma dose intragável de papo imbecil. A personal trainer Joana, a vencedora da versão 4 da Fazenda, que acabou em outubro passado, arrebatou R$ 2 milhões após encontrar uma beterraba premiada, entre outros sofisticados desafios intelectuais.
Apesar dessa crônica indigência, mais de 130 mil jovens brasileiros se inscreveram para o BBB12, ao longo de sete meses, filtrados em seletivas regionais em 10 capitais. É uma febre televisiva que pode parar até a maior cidade brasileira, São Paulo, onde chega a bater em 40% do Ibope, o que significa quase dez milhões de telespectadores, metade da população da Grande SP.
"Ela não é recatada", informa o pai de Jakeline
Divulgação
A vencedora do BBB de 2011, a modelo paulista Maria Helena, 27 anos, de São Bernardo do Campo, faturou um cheque de R$ 1,5 milhão ganhando o voto por telefone de 51 milhões de pessoas. Se fosse candidata a presidente em 2010, Maria Helena, capa da edição de junho de 2011 da revista Playboy, teria derrotado José Serra por mais de sete milhões de votos e perderia para Dilma Rousseff por menos de cinco milhões.
Boninho, o diretor do BBB, apimentou a receita em 2012, para horror do pastor Malafaia, infiltrando quatro homossexuais entre os doze sarados concorrentes. “Três dos quatro gays são mulheres”, adiantou o lúbrico Boninho no seu tuíter. Ele não disse, mas o programa de 2012 terá também a atração extra de duas evangélicas, a assistente comercial mineira Kelly, 28 anos, e a zootécnica baiana Jakeline, 22. O empresário Danilo Leal, 45 anos, pai de Jakeline, acha que a filha vai resistir bem ao paredão impiedoso do BBB, apesar de evangélica: “Ela não é recatada. Espero que Jakeline aproveite bem seus 15 minutos de fama e faça o pé de meia”, reza o empresário, dando sua sanção paternal para o que der e vier.
A assistente comercial evengélica Kelly Medeiros
Divulgação
Não se sabe ainda o tamanho do fio-dental que as duas evangélicas vão exibir na casa mais vigiada do Brasil, nem o salmo que irão recitar debaixo do edredom, cercadas por tantas câmeras indiscretas. Não deixa de ser simbólico que, cinco séculos após ser cravado nos portões da igreja de Wittenberg, o credo rigorosamente puritano e austero fundado pelo cisma de Luterano infiltre duas crentes assanhadas e iconoclastas no cenário conspícuo do programa mais ímpio da maior rede brasileira de TV aberta. A explicação, certamente, não está nas páginas lambidas da Bíblia dos templos e igrejas desta terra supostamente laica, mas nas cédulas louvadas do dinheiro ungido pela graça divina e pela licença dos homens neste país tropical, que Jorge Ben resumiu como “abençoado por Deus e bonito por natureza”.
A louvação ecumênica ao dinheiro pintado pela hipocrisia de todos os credos esclarece, em parte, a progressiva invasão destes templos cada vez mais eletrônicos, escancarados por vendilhões cada vez mais acessíveis a espertalhões cada vez mais abusados no assalto à boa fé de sempre dos desesperados.
O velho evangelista Kenyon, profeta dessa cínica doutrina da prosperidade, poderia traduzir este Armagedom moral com o mantra invertido da religião de resultado que inventou: o que eu possuo, não confesso.
* Luiz Cláudio Cunha é jornalista.
[cunha.luizclaudio@gmail.com]

6.1.12

Lula recebe visita de Haddad em hospital em SP, diz assessoria

Ex-presidente passou pela sua segunda sessão de radioterapia.
Fase, para eliminação do tumor na laringe, deverá durar até seis semanas.

Juliana Cardilli G1, em São Paulo
O ministro da Educação e pré-candidato do PT às eleições municpais em São Paulo, Fernando Haddad, visitou nesta quinta-feira (5) o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
Segundo o presidente do Instituto Cidadania, Paulo Okamoto, Haddad e Lula conversaram após o procedimento. Ele disse que o ex-presidente "passa bem" e não tem compromissos públicos agendados para o período do tratamento, exceto por uma provável aparição no desfile da escola de samba paulista Gaviões da Fiel, que o homenageará neste ano.
Lula chegou ao hospital por volta das 10h30 para nova sessão de radioterapia, na segunda fase do tratamento contra o câncer na laringe, e deixou o hospital às 12h50. Desta vez, foi submetido apenas a uma sessão de radiação, além de avaliação do tratamento com um fonoaudiólogo e um dentista.
Primeiro dia
Na última quarta-feira, ele passou por uma sessão de quimioterapia completamentar. Segundo médicos, o estado de saúde do ex-presidente é bom.
Boletim médico divulgado pelo hospital na última quarta-feira informa que o ex-presidente deverá se submeter à radiação diariamente, de segunda a sexta-feira. Essa nova fase, para eliminação do tumor, deverá durar até seis semanas. Desde o início do tratamento, os médicos descartaram a possibilidade de cirurgia.
A radioterapia é ainda combinada por uma quimioterapia complementar. O procedimento visa potencializar os efeitos da radioterapia e os medicamentos são diferentes dos aplicados no ex-presidente nos ciclos realizados no ano passado. Não são necessariamente mais fracos.
Lula com os médicos João Luis Fernandes e Samir Hanna do hospital Sírio-Libanês no Sírio-Libanês, onde se submete a sessões de radioterapia contra o câncer (Foto: Ricardo Stuckert / Divulgação / Instituto Lula)
Lula com os médicos João Luis Fernandes e Samir Hanna do hospital Sírio-Libanês, em SP, onde se submete a sessões de radioterapia contra o câncer (Foto: Ricardo Stuckert / Divulgação / Instituto Lula)

De acordo com Okamoto, Lula "está bem". Na última quarta-feira, ele não quis responder a perguntas sobre o peso do ex-presidente, que evitou fotógrafos e cinegrafistas ao deixar o hospital.
Segundo Okamoto, Lula come e conversa normalmente, mas deve receber acompanhamento por fonoaudiólogo e nutricionista nos próximos dias.
Lula no hospital Sírio-Libanês, em SP, onde se submete a sessões de radioterapia contra o câncer (Foto: Ricardo Stuckert / Divulgação / Instituto Lula)
Lula no hospital onde se submete a
sessões de radioterapia contra o câncer

(Foto: Ricardo Stuckert / Divulgação / Inst. Lula)

De acordo com Okamoto, assessores cogitam alugar um flat ou um hotel próximo ao hospital para evitar os deslocamentos diários entre o hospital e São Bernardo do Campo, no ABC, mas enquanto o trânsito estiver tranquilo isso não deve ocorrer. "Tem dia que ele virá para tomar soro e vitamina. Tem dia que ele vai fazer quimioterapia, tem dia que ele não vai fazer nada disso", disse.
Okamoto disse ainda que Lula recebeu, nesta quarta, a visita do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, encontro que não estava previsto. "O Kassab quis visitá-lo e foi possível. Falaram de futebol, da cidade de São Paulo, de enchentes", afirmou. Questionado se trataram da sucessão na Prefeitura de São Paulo, Okamoto disse que não acompanhou a visita o tempo todo.
No último dia 13 de dezembro, Lula realizou a última das três sessões de quimioterapia, primeira etapa do tratamento. Após os primeiros exames, a equipe médica informou que o tumor na laringe, diagnosticado em outubro, havia sofrido uma redução de tamanho de 75%.
Câncer de laringe vale este (Foto: Arte/G1)