Fotos mostram Dilma em seus primeiros anos de Porto Alegre
ZH reconstituiu parte da história da presidente na Capital com imagens de acervos públicos e privados
Da
esquerda para a direita: Carlos Alberto De Ré, o Minhoca, Marlene
Machado, Rosemarie Orth, Atanásio Orth, Dilma Rousseff e um amigo não
identificado
Foto:
Carlos Alberto De Ré / Arquivo Pessoal
Juliana Bublitz
De calça pantalona e cabelos longos, Dilma Vana Rousseff, 27 anos,
recém havia adotado o Rio Grande do Sul como lar, no início da década de
70, quando posou para a foto em preto e branco que se vê nesta página.
Por retratar uma fase pouco conhecida do passado da presidente e vir a
público pela primeira vez, a imagem é histórica. Mas não só por isso.
Com o objetivo de reconstituir por meio de fotografias raras a trajetória da mineira no Estado antes de se tornar conhecida de todos os brasileiros, ZH vasculhou acervos públicos e privados e procurou amigos e colegas que fizeram parte da vida pregressa da presidente.
Quando se mudou para Porto Alegre, em 1973, Dilma ainda era uma estranha no cenário nacional e fugia das câmeras. Daquele período, em plena ditadura, a cena publicada por ZH é uma das poucas eternizadas em papel. Foi flagrada em 1974, por ocasião da união civil do ex-preso político gaúcho Atanásio Orth com Rosemarie De Ré, ambos já falecidos. Junto deles, estão os quatro padrinhos: Dilma e Francisco Martinez Torres, o Paco; Carlos Alberto Tejera De Ré, o Minhoca, e Marlene Machado, namorada dele à época. Com exceção de Marlene, todos haviam sido torturados pelo regime militar.
Sob os cuidados de Minhoca, a cópia vinha sendo guardada como relíquia em seu apartamento, na Capital, por mais de 30 anos. Ele morreu em maio deste ano, vítima de câncer, e deixou a foto com a mulher, Débora Atarão. Procurada por ZH, ela decidiu torná-la pública em homenagem ao ex-companheiro.
Exceto por essa imagem, a trajetória de Dilma no Estado passa por um vácuo fotográfico na década de 70. Somente nos anos 80, como economista e uma das fundadoras do PDT, ela voltaria a aparecer. Ainda assim, muitas vezes não era identificada nos registros – o que foi constatado por ZH durante as buscas no próprio arquivo fotográfico do jornal.
– Ela estava lá, já era uma líder, só que não estava no foco – explica a ex-secretária de Educação Neuza Canabarro.
Dilma não fazia questão de aparecer, e sua relutância à exposição era conhecida. Nas reuniões do PDT, relembra uma assessora da sigla, era difícil convencê-la a sentar-se à mesa com autoridades para fazer pose. Dilma preferia os bastidores.
– A gente insistia, e ela até ia para a mesa, mas ficava 10 minutos e voltava para o canto dela – lembra a assessora.
Entre 1984 e 1985, quando as integrantes da Ação da Mulher Trabalhista decidiram formar um time de vôlei e pediram que as interessadas se inscrevessem, se surpreenderam ao ver o nome de Dilma. Às colegas, soava estranho tê-la na equipe, uma militante que vivia enterrada no trabalho.
– Ela vai mesmo jogar? – perguntou uma pedetista, incrédula.
Numa sexta-feira à tardinha, na quadra do Colégio Sevigné, lá estava Dilma. Não há notícia, porém, de fotos de sua performance.
A relutância com os holofotes foi diminuindo a partir de 1986, quando a mineira aceitou o convite do prefeito Alceu Collares e se tornou secretária da Fazenda de Porto Alegre. Passou a dar entrevistas, mas se restringia ao protocolo.
– Era o jeito dela – resume Collares.
Com os amigos mais íntimos, Dilma sempre abriu exceções. Sorriu ao posar para um clique em Bariloche, no fim dos anos 80, ao lado da socióloga Lícia Peres. Em 2010, fez o mesmo por Minhoca. Meio sem jeito, o velho conhecido aproximou-se dela durante um jantar em Porto Alegre e fez um pedido:
– Posso tirar uma foto contigo?
A pergunta fez Dilma rir. Ela aceitou, mas não se conteve:
– Até tu, Minhoca?!
Com o objetivo de reconstituir por meio de fotografias raras a trajetória da mineira no Estado antes de se tornar conhecida de todos os brasileiros, ZH vasculhou acervos públicos e privados e procurou amigos e colegas que fizeram parte da vida pregressa da presidente.
Quando se mudou para Porto Alegre, em 1973, Dilma ainda era uma estranha no cenário nacional e fugia das câmeras. Daquele período, em plena ditadura, a cena publicada por ZH é uma das poucas eternizadas em papel. Foi flagrada em 1974, por ocasião da união civil do ex-preso político gaúcho Atanásio Orth com Rosemarie De Ré, ambos já falecidos. Junto deles, estão os quatro padrinhos: Dilma e Francisco Martinez Torres, o Paco; Carlos Alberto Tejera De Ré, o Minhoca, e Marlene Machado, namorada dele à época. Com exceção de Marlene, todos haviam sido torturados pelo regime militar.
Sob os cuidados de Minhoca, a cópia vinha sendo guardada como relíquia em seu apartamento, na Capital, por mais de 30 anos. Ele morreu em maio deste ano, vítima de câncer, e deixou a foto com a mulher, Débora Atarão. Procurada por ZH, ela decidiu torná-la pública em homenagem ao ex-companheiro.
Exceto por essa imagem, a trajetória de Dilma no Estado passa por um vácuo fotográfico na década de 70. Somente nos anos 80, como economista e uma das fundadoras do PDT, ela voltaria a aparecer. Ainda assim, muitas vezes não era identificada nos registros – o que foi constatado por ZH durante as buscas no próprio arquivo fotográfico do jornal.
– Ela estava lá, já era uma líder, só que não estava no foco – explica a ex-secretária de Educação Neuza Canabarro.
Dilma não fazia questão de aparecer, e sua relutância à exposição era conhecida. Nas reuniões do PDT, relembra uma assessora da sigla, era difícil convencê-la a sentar-se à mesa com autoridades para fazer pose. Dilma preferia os bastidores.
– A gente insistia, e ela até ia para a mesa, mas ficava 10 minutos e voltava para o canto dela – lembra a assessora.
Entre 1984 e 1985, quando as integrantes da Ação da Mulher Trabalhista decidiram formar um time de vôlei e pediram que as interessadas se inscrevessem, se surpreenderam ao ver o nome de Dilma. Às colegas, soava estranho tê-la na equipe, uma militante que vivia enterrada no trabalho.
– Ela vai mesmo jogar? – perguntou uma pedetista, incrédula.
Numa sexta-feira à tardinha, na quadra do Colégio Sevigné, lá estava Dilma. Não há notícia, porém, de fotos de sua performance.
A relutância com os holofotes foi diminuindo a partir de 1986, quando a mineira aceitou o convite do prefeito Alceu Collares e se tornou secretária da Fazenda de Porto Alegre. Passou a dar entrevistas, mas se restringia ao protocolo.
– Era o jeito dela – resume Collares.
Com os amigos mais íntimos, Dilma sempre abriu exceções. Sorriu ao posar para um clique em Bariloche, no fim dos anos 80, ao lado da socióloga Lícia Peres. Em 2010, fez o mesmo por Minhoca. Meio sem jeito, o velho conhecido aproximou-se dela durante um jantar em Porto Alegre e fez um pedido:
– Posso tirar uma foto contigo?
A pergunta fez Dilma rir. Ela aceitou, mas não se conteve:
– Até tu, Minhoca?!
Dilma Rousseff durante a posse do deputado Carlos Araújo, na presidência do PDT, em 5 de junho de 1994 |
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