Em tempos de filhos .... é preciso recordar para COMPRENDER como a vida segue seu rumo.
O filho adulterino de FHC
Eliakim Araújo (*)
Fonte: Direto da Redação
A imprensa brasileira está moralmente obrigada a fazer um “mea culpa” no caso do filho adulterino do ex-presidente FHC com a repórter da TV Globo, Miriam Dutra.
Miriam, que trabalhava em Brasilia no início dos anos 90, teve um romance com o então senador e candidato à presidência da república Fernando Henrique Cardoso.
Até aí a história não chega a surpreender por tratar-se de adultério, um crime bastante comum, previsto no Código Penal Brasileiro, mas raramente invocado pela parte ofendida. Geralmente, o adultério acaba em separação ou divórcio do casal, sendo pouco comum a punição do cônjuge adúltero.
O que estourou como uma bomba nos meios políticos, sobretudo no círculo de amigos mais próximos de FHC, foi a notícia da gravidez da repórter. Para o estado maior do PSDB, a possibilidade da notícia virar escândalo nacional, colocou a social democracia brasileira de orelha em pé. Afinal, as chances de eleger seu próprio candidato nunca estiveram tão próximas. Se o fato virasse material de capa nas principais revistas semanais com reportagens nos jornais, a candidatura FHC corria sério risco de ir por água abaixo. A TV, provavelmente, iria pesar os prós e contras e talvez nada divulgasse até que a Globo, indiretamente envolvida no episódio por ser a empregadora da repórter, tomasse uma decisão. Esse deveria ser o papel da imprensa naquele período de 1993/94.
Só que nada disso aconteceu. Superado o pânico inicial, a assessoria do candidato iniciou uma batalha sem trégua para abafar o escândalo e salvaguardar a imagem de FHC, naquele momento o nome cada vez mais forte para assumir a presidência. Era o que indicavam as primeiras pesquisas. O primeiro passo foi conseguir junto ao jornalismo da Globo a transferência da repórter para local distante do Brasil. O Diretor de Jornalismo na época, Alberico Souza Cruz, amigo pessoal de Fernando Henrique, providenciou na surdina a transferência de Miriam para Lisboa, onde o filho teria nascido. Nunca mais voltou ao Brasil e o filho, Thomas, que não tem o sobrenome do ex-presidente, está hoje perto dos 10 anos de idade.
Depois de algumas poucas intervenções, Miriam Dutra está desaparecida há anos da tela global, vivendo todo esse tempo na Europa como se fosse uma exilada. Suspeita-se que Miriam, que vive hoje na Espanha, esteja ainda na folha de pagamentos da Globo. Mas não se sabe ao certo se seu sustento e o do filho tem sido bancado pela emissora do Jardim Botânico, pelo ex-presidente e pai de Thomas ou se houve algum desvio de recursos do Tesouro Nacional para ajudar na manutenção dos dois. Um mistério insondável e um grande tabú para a imprensa brasileira.
De fato, foi e tem sido lamentável a omissão da mídia brasileira em relação ao episódio. A imprensa descumpriu seu papel básico de informar à população, desrespeitou o cidadão brasileiro num momento delicado da história, deixando-se acorvadar por interesse, conivência, medo de represálias do governo ou da emissora líder de audiência. Agora que o fato começa a circular na internet e em pequenos jornais,
mais do que nunca é preciso que se saiba o que foi negociado entre as partes envolvidas em troca da manutenção do segredo durante oito anos. Que favores foram oferecidos à mídia em troca do silêncio.
São muitos os pontos obscuros desse mistério. Que a Globo mantivesse o silêncio é até certo ponto compreensível, pelo seu passado e pelas implicações que a revelação acarretaria. Mas, e o restante da mídia? Por que as grandes revistas semanais e os grandes jornais não registraram a história que a imprensa inteira sabia?
Sem um esclarecimento convincente, vai ficar sempre a impressão de que imprensa e poder têm uma relação promíscua. Protegem-se mutuamente quando há interesses maiores em jogo. E esse protecionismo provavelmente é que leva uma empresa pública como o BNDES a socorrer (ou doar) o dinheiro do contribuinte a empresas de comunicação, a maior parte delas falida.
O cidadão brasileiro merece respeito e uma explicação imediata.
(*) Editor-chefe do Direto da Redação.
Fonte: Direto da Redação
A imprensa brasileira está moralmente obrigada a fazer um “mea culpa” no caso do filho adulterino do ex-presidente FHC com a repórter da TV Globo, Miriam Dutra.
Miriam, que trabalhava em Brasilia no início dos anos 90, teve um romance com o então senador e candidato à presidência da república Fernando Henrique Cardoso.
Até aí a história não chega a surpreender por tratar-se de adultério, um crime bastante comum, previsto no Código Penal Brasileiro, mas raramente invocado pela parte ofendida. Geralmente, o adultério acaba em separação ou divórcio do casal, sendo pouco comum a punição do cônjuge adúltero.
O que estourou como uma bomba nos meios políticos, sobretudo no círculo de amigos mais próximos de FHC, foi a notícia da gravidez da repórter. Para o estado maior do PSDB, a possibilidade da notícia virar escândalo nacional, colocou a social democracia brasileira de orelha em pé. Afinal, as chances de eleger seu próprio candidato nunca estiveram tão próximas. Se o fato virasse material de capa nas principais revistas semanais com reportagens nos jornais, a candidatura FHC corria sério risco de ir por água abaixo. A TV, provavelmente, iria pesar os prós e contras e talvez nada divulgasse até que a Globo, indiretamente envolvida no episódio por ser a empregadora da repórter, tomasse uma decisão. Esse deveria ser o papel da imprensa naquele período de 1993/94.
Só que nada disso aconteceu. Superado o pânico inicial, a assessoria do candidato iniciou uma batalha sem trégua para abafar o escândalo e salvaguardar a imagem de FHC, naquele momento o nome cada vez mais forte para assumir a presidência. Era o que indicavam as primeiras pesquisas. O primeiro passo foi conseguir junto ao jornalismo da Globo a transferência da repórter para local distante do Brasil. O Diretor de Jornalismo na época, Alberico Souza Cruz, amigo pessoal de Fernando Henrique, providenciou na surdina a transferência de Miriam para Lisboa, onde o filho teria nascido. Nunca mais voltou ao Brasil e o filho, Thomas, que não tem o sobrenome do ex-presidente, está hoje perto dos 10 anos de idade.
Depois de algumas poucas intervenções, Miriam Dutra está desaparecida há anos da tela global, vivendo todo esse tempo na Europa como se fosse uma exilada. Suspeita-se que Miriam, que vive hoje na Espanha, esteja ainda na folha de pagamentos da Globo. Mas não se sabe ao certo se seu sustento e o do filho tem sido bancado pela emissora do Jardim Botânico, pelo ex-presidente e pai de Thomas ou se houve algum desvio de recursos do Tesouro Nacional para ajudar na manutenção dos dois. Um mistério insondável e um grande tabú para a imprensa brasileira.
De fato, foi e tem sido lamentável a omissão da mídia brasileira em relação ao episódio. A imprensa descumpriu seu papel básico de informar à população, desrespeitou o cidadão brasileiro num momento delicado da história, deixando-se acorvadar por interesse, conivência, medo de represálias do governo ou da emissora líder de audiência. Agora que o fato começa a circular na internet e em pequenos jornais,
mais do que nunca é preciso que se saiba o que foi negociado entre as partes envolvidas em troca da manutenção do segredo durante oito anos. Que favores foram oferecidos à mídia em troca do silêncio.
São muitos os pontos obscuros desse mistério. Que a Globo mantivesse o silêncio é até certo ponto compreensível, pelo seu passado e pelas implicações que a revelação acarretaria. Mas, e o restante da mídia? Por que as grandes revistas semanais e os grandes jornais não registraram a história que a imprensa inteira sabia?
Sem um esclarecimento convincente, vai ficar sempre a impressão de que imprensa e poder têm uma relação promíscua. Protegem-se mutuamente quando há interesses maiores em jogo. E esse protecionismo provavelmente é que leva uma empresa pública como o BNDES a socorrer (ou doar) o dinheiro do contribuinte a empresas de comunicação, a maior parte delas falida.
O cidadão brasileiro merece respeito e uma explicação imediata.
(*) Editor-chefe do Direto da Redação.
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