3.3.08

Boas notícias, Brasil

Boas notícias, Brasil

*Tarcísio Zimmermann – deputado federal PT/RS
Os últimos dias foram pródigos em boas notícias. Primeiro, a manchete do Jornal NH, anunciando que as exportações de calçados atingiram, em janeiro, o melhor resultado dos últimos anos. Esta é uma notícia alvissareira para a nossa região e uma prova da tenacidade dos nossos empresários e da qualidade dos trabalhadores do calçado.
Após, a notícia de que também na geração de novos postos de trabalho, o mês de janeiro foi espetacular, com um crescimento de 35% no número de empregos com carteira assinada em relação a janeiro de 2007. As projeções apontam que em 2008 poderemos atingir recordes históricos, o que representará mais um grande passo para a transformação da realidade social do País.
Mas o mais significativo e surpreendente foi o anúncio de que o Brasil passou à condição de credor externo, isto é, que a soma das reservas internacionais e de outros bens do País no Exterior ultrapassou o valor da dívida externa pública e privada somadas. Segundo o Banco Central, em janeiro de 2008, a soma das reservas internacionais (US$ 187,5 bilhões) e dos bens e créditos do País no Exterior (US$ 15,7 bilhões) superaram em US$ 7 bilhões o total da dívida externa. Acrescente-se o fato de que as reservas internacionais são depósitos imediatamente disponíveis, enquanto que 70% da nossa dívida são de médio e longo prazos.
Várias razões tornam esta notícia particularmente significativa. Primeiro, porque ainda temos na memória o quanto sofremos com a dívida externa. Tivemos moratórias, busca de socorro e monitoramento da nossa economia pelo FMI, inflação em disparada, recessão, desemprego e tantas outras conseqüências. Não por outro motivo, uma das principais exigências políticas dos movimentos populares e do próprio PT era uma auditoria na dívida externa. Mas, a rigor, este é um problema que nos acompanha desde a nossa independência, quando herdamos uma dívida de Portugal. Portanto, chegar à condição de credor é motivo de justas comemorações.
No entanto, o mais emblemático desta nova condição é o fato de que o nosso prestígio internacional cresce, o País se torna mais soberano – sem submissão ao FMI e às suas desastrosas exigências – e nossa economia está menos vulnerável a crises externas.
Assim, as três notícias se combinam com tantos outros indicadores que nos permitem alta dose de otimismo. O mercado interno cresce porque os salários médios melhoram e porque as políticas sociais do governo reduzem a pobreza, o PAC deslancha, a construção civil tem crescimento impressionante, a indústria gera mais empregos, tudo apontando para um horizonte melhor.
Porém, ainda há um longo caminho a percorrer. Temos que cuidar para que a ainda alta taxa de juros, a valorização do real e o aumento das importações não interrompam nosso crescimento. E há que se ter em mente que, no Brasil, muitas vezes é mais fácil crescer do que distribuir a renda. Tivemos sobrados exemplos disso nas últimas décadas. Mesmo assim, os resultados dos últimos anos apontam para a redução da pobreza, indicando que o País já aprendeu a crescer com distribuição da renda. Trabalhemos, então, para ter o direito de comemorar todas estas grandes conquistas por muito tempo.

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