28.1.11

Prefeitura investe 2,3 milhões em escola da Feitoria

Prefeitura investe 2,3 milhões em escola da Feitoria


Charles Dias
Escola segue regras de acessibilidade


Secretário Paulo Borba acompanha vistoria

O prefeito municipal de São Leopoldo, Ary Vanazzi, e a secretária municipal de Educação, Leocádia Inês Schoffen visitaram nesta quinta, dia 27, as obras da Escola Municipal Arthur Ostermann, no Bairro Feitoria.
A escola, que hoje ocupa o terreno 2119 da Avenida Integração, receberá uma nova estrutura para melhor acomodar alunos e professores. O investimento da administração é de R$ 2,345 milhões. A construção da nova sede da escola aumentará o número de alunos dos atuais 350 para 500. As aulas no novo prédio estão previstas para começar no inicio do ano letivo, dia 21 fevereiro.
O prédio conta com salas de aula que comportam cerca de 35 alunos, refeitório, salas para direção, pátio amplo e com sistema de escoamento em caso de chuva, quadra poliesportiva e salas de atividades múltiplas.
Segundo Vanazzi, o objetivo da Prefeitura é tornar acessíveis todas as escolas municipais. "Estamos fazendo um levantamento e verificando quais mudanças serão necessárias para adequar a estrutura às pessoas com deficiência."
A secretária de Educação destaca que os prédios que estão sendo construídos já estão nas regras de acessibilidade.

20.1.11

Posse da Presidenta Dilma Rousseff

Posse da Presidenta Dilma Rousseff
Discurso de posse no Congresso

Tomada em Revista das Forças Armadas

Transferência de Faixa Presidencial

Presidenta Dilma Rousseff recebe os cumprimentos de lideranças mundiais

Vídeo da posse de Tarso Genro como governador do Estado do Rio Grande do Sul

Vídeo da posse de Tarso Genro como governador do Estado do Rio Grande do Sul
Fonte: RS13

O Rio Grande tem novo Governador:
É Tarso Genro
Discurso de Posse de TARSO GENRO Governador do Rio Grande do Sul

19.1.11

O poder do Bolsa Família

O poder do Bolsa Família


Como o programa de transferência de renda mudou a vida de milhões de cidadãos. De cada quatro brasileiros, um é beneficiado

Solange Azevedo/ Fotos: Pedro Dias - AG. IstoÉ - N° Edição: 2147 29.Dez.10 - 19:00
INCLUSÃO
Além de comprar comida e material escolar, os Assunção mobiliaram a casa com a verba do Bolsa Família
Ela nunca teve conta no banco. Nem talão de cheques. Muito menos cartão de crédito. “Fico feliz com esse cartão amarelinho mesmo”, diz a dona de casa Roseli Assunção, 38 anos. Moradora da periferia de Diadema, município paulista de 386 mil habitantes, Roseli não fala do aperto financeiro com pesar. Pelo contrário, abre um sorriso largo e resignado. O “cartão amarelinho” a que ela se refere – e exibe orgulhosa – é o do Bolsa Família. Os Assunção recebem o benefício há sete anos, desde que o principal programa de transferência de renda do governo Lula foi criado. São R$ 132 por mês, todo dia 20, religiosamente. É pouco? “Não. É uma ajuda muito grande, um dinheiro abençoado”, afirma Roseli. “Sabendo controlar, dá para comprar muita coisa.”
Roseli e o pedreiro Geraldo, 48 anos, têm sete filhos. John, o primogênito, tem 21 anos. As mais novinhas – as trigêmeas Vitória, Vanessa e Vivian – acabaram de completar 11 meses. “Agora o dinheiro do Bolsa Família vai mais para o leite e as fraldas. Mas, antes de as meninas nascerem, comprei um monte de coisas para as crianças e para botar dentro de casa: fogão, batedeira, liquidificador, cama, cesta básica, material escolar. Às vezes, a gente vê as coisas e dá um desejo no coração. Foi assim com a máquina de fazer pão. Quando comprei o micro-ondas também foi uma alegria. Era Dia das Mães e eu resolvi me dar um presente”, conta Roseli. Certo dia, quando a geladeira de segunda mão dos Assunção quebrou, a dona de casa decidiu adquirir uma nova, em 24 prestações. Geraldo não gostou. “Foi uma briga danada porque ele achava que eu não ia dar conta de pagar”, lembra Roseli. “Daí eu disse: ‘Tenho o cartão do Bolsa Família’. E ele falou: ‘Quero ver o dia que esse Bolsa Família acabar.’”
O Bolsa Família não acabou. Seguiu saciando a fome de milhões de famílias espalhadas por todo o País e alimentando os filhos e a autoestima de Roseli. Até engravidar das trigêmeas, ela era diarista numa mansão em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Como não tinha registro em carteira, não conseguia comprar a prazo. Com salário baixo, também tinha dificuldade para pagar à vista. Embora normalmente não faltasse trabalho para Geraldo, seus ganhos irregulares como pedreiro eram suficientes apenas para as despesas mais básicas da casa. Além de aumentar a receita, o Bolsa Família se tornou o comprovante de renda dos Assunção. Foi com o “cartão amarelinho” que Roseli abriu um crediário na Casas Bahia. “Eu pechincho e só compro uma coisa de cada vez. Quando vejo que está faltando uma prestação, corro e faço outro investimento”, afirma Roseli. “Agora estou ajudando o mais velho a pagar o notebook. Depois, vou querer comprar uma mesa com seis cadeiras.”
Redução da pobreza
No Morro do Samba, onde os Assunção vivem, há uma porção de gente que recebe o Bolsa Família. Cerca de 25% dos beneficiados são da região Sudeste. Metade mora no Nordeste. Em sete anos, o número de incluídos saltou duas vezes e meia: de 3,6 milhões de famílias em 2003 para 12,8 milhões no final de 2010. Mais de 50 milhões de brasileiros fazem parte atualmente. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), o Bolsa Família foi um dos responsáveis pela redução da pobreza e pelo crescimento econômico do País. O consumo de carne teria subido, em média, 65% entre os beneficiários de todo o território nacional e o incremento da renda chegaria a 62% entre os do Nordeste.
Inclusão na saúde e na educação
O grande diferencial do Bolsa Família é que, além de transferir renda, ele fomenta a inclusão nos serviços de saúde e educação. Uma pesquisa dos economistas Paul Glewwe, da Universidade de Minnesota (EUA), e Ana Lúcia Kassouf, da Universidade de São Paulo, mostra que o programa provocou um crescimento de 5,5% nas matrículas da 1ª à 4ª série do ensino fundamental e de 6,5% da 5ª à 8ª – também diminuiu a evasão escolar e aumentou a aprovação. As estatísticas do MDS indicam que as mulheres fazem 1,5 vez mais consultas pré-natal e a proporção de crianças com a vacinação em dia é 15 pontos percentuais superior nas famílias que recebem o benefício.
Isso porque o governo cobra contrapartidas para repassar o dinheiro. Uma das exigências é a frequência escolar das crianças e adolescentes de 6 a 17 anos. Outra imposição é que a saúde das crianças e das gestantes seja acompanhada. “A mortalidade infantil caiu 58% e a desnutrição infantil também diminuiu. Tiramos milhões de pessoas da invisibilidade e lhes devolvemos a cidadania”, diz Márcia Lopes, ministra do MDS no governo Lula. “A grande aposta do Bolsa Família é a integração das políticas de educação, saúde e assistência social. Por isso, precisamos de maior envolvimento dos prefeitos.”
O governo investiu mais de R$ 61 bilhões no Bolsa Família. Mas, apesar dos avanços significativos, Márcia reconhece que os desafios para a próxima gestão não são desprezíveis. Pelo menos 100 mil famílias consideradas extremamente pobres – aquelas que têm renda per capita inferior a R$ 70 mensais – ainda não foram incluídas no programa. Quatro de cada dez que já recebem o benefício – que varia de R$ 22 a R$ 200 – continuam na extrema pobreza. E cerca de 750 mil famílias pobres – cuja renda per capita varia de R$ 70 a R$ 140 mensais – estão fora do Bolsa Família porque não têm crianças ou adolescentes em casa. 
Roseli e Geraldo começaram a trabalhar ainda crianças e só puderam estudar até a 5ª série. Seus filhos, no entanto, estão indo mais longe. John, o mais velho, conseguiu uma bolsa e está fazendo faculdade de educação física. Valquíria, 19 anos, já terminou o ensino médio e Joyce, 16, foi para o 2º ano. Mikael, um simpático garotinho de 6 anos e cabelos estilo Neymar, entrará no ensino fundamental em 2011. “O John chega a dormir com o lápis na mão. É um rapaz muito esforçado”, afirma Roseli. “Ele vai direto do estágio para a faculdade para gastar menos com condução.” Roseli conta que a casa dos Assunção, erguida num terreno que no passado era um lixão, foi construída aos poucos. Muitos dos blocos usados nas paredes foram produzidos por eles mesmos, no quintal. Parte do piso foi doação. “A gente vai conseguindo uma coisinha aqui, outra ali. Quando as coisas começam a acabar, aparece algum parente ou amigo para ajudar”, lembra a dona de casa.
“O Bolsa Família me ajudou muito.
Não pelo valor, mas porque me abriu portas”
Maria Albertina Lima
Roseli sempre se virou como pôde. Começou a trabalhar como diarista aos 11 anos. Fez de tudo um pouco. Já vendeu coxinha e pão no metrô. Agora, segue esticando o dinheiro do Bolsa Família e ajudando Geraldo a sustentar os filhos. Ela não é exceção: 93% dos titulares do cartão do Bolsa Família são mulheres. “Não posso dizer que nunca faltou alimento em casa porque faltou. Já aconteceu de acabar o pó de café ou alguma outra coisa e o homem (Geraldo) não ter dinheiro”, conta. “Com o Bolsa Família, fico alegre. Às vezes, a gente tem vontade de comer as coisas e eu posso comprar. O Mikael pede Toddynho e batatinha frita. Adoro comer sardinha, lasanha e uma macarronada maravilhosa no domingo.”
O MILAGRE DO PRIMEIRO PASSO
A piauiense Maria Albertina Lima, 44 anos, passou boa parte da vida acompanhando o marido Brasil afora. Enquanto ele saía para trabalhar como torneiro mecânico, ela permanecia confinada dentro de casa cuidando das tarefas domésticas e dos dois filhos. Seguia sem coragem e com a autoestima no chão. Quando o marido a abandonou pela sétima – e última – vez, Maria Albertina perdeu o norte. “Eu não me enxergava como pessoa nem como mulher”, lembra. “Foi duro ver o meu menino menor perguntar: ‘E agora, mãe, o que vamos fazer?’” A única renda que ela tinha era a repassada pelo governo federal: R$ 22 por mês. “O Bolsa Família me ajudou muito. Não pelo valor, mas porque me abriu portas”, acredita.
Na Prefeitura de Osasco, cidade da Grande São Paulo onde vive desde o início da década, ela descobriu que os beneficiários do Bolsa Família eram o público-alvo de diversos cursos de formação profissional. Maria Albertina se engajou, então, numa porção deles – costura, modelagem, supervisão de produção – até conseguir comprar cinco máquinas e abrir uma microempresa: a Nannôka. No ateliê, no segundo andar da casa onde mora, ela faz principalmente bolsas de patchwork. Ganha R$ 1.500 por mês. Refeita emocional e financeiramente, devolveu o cartão do Bolsa Família. “Sabe quando você se sente bem? Agora sinto que sou importante para a sociedade e para a minha família”, diz Maria Albertina. “Espero que outra pessoa entre na minha vaga do Bolsa Família.”

Onde Lula é rei

Onde Lula é rei
IstoÉ
Em Pernambuco, redução da pobreza, projetos sociais e obras vistosas transformam a admiração pelo presidente em idolatria

Amauri Segalla, de Buenos Aires, Pernambuco/ Fotos João Castellano - AG. ISTOÉ - N° Edição: 2147
29.Dez.10 - 19:00

ILUMINADOS
Até pouco tempo atrás, Catilene Francisco do Nascimento Silva, 18 anos, Érica, 11, e Allyson, 10 (na foto, da esq. para a dir.), passavam fome em Buenos Aires, no agreste pernambucano. O barraco de taipa é o mesmo, mas a vida mudou. Com o dinheiro do Bolsa Família e o salário da mãe agricultora, os Nascimento conseguiram comprar tevê e colchão de casal. “Na mesa, tem carne quase todo dia”, diz Catilene.
A casa de Catilene Francisco do Nascimento Silva, 18 anos e grávida de seis meses, é um dos 3.573 domicílios do município de Buenos Aires, a 100 quilômetros do Recife, em Pernambuco. As paredes de taipa, construção que utiliza barro amassado em vez de tijolos, foram erguidas no alto de um morro batizado com o poético nome de Chã de Mulatas, de onde se vê uma imensidão de terra seca. Água limpa, só a meia hora de distância, em lombo de mula.
A residência tem três cômodos. Uma sala com dois sofás e televisão de 20 polegadas, um quarto com colchão de casal, penteadeira e dois criados-mudos, uma cozinha com fogão a lenha e panelas de ferro. O banheiro fica nos fundos do terreno, na verdade um buraco no chão cercado por paredes de madeira. Catilene mora com a mãe, a boia-fria Suely, a irmã Érica, 11 anos, e o primo Allyson, 10. O pai da família sumiu. Catilene está infeliz? Muito longe disso. “Esse é o melhor momento da minha vida”, diz a garota. “Antes, a gente não tinha nem o que comer e dormia no chão duro. Agora, tem carne quase todo dia na mesa e até tevê em casa.” Ela diz que o milagre atende pelo nome de Lula – o “painho Lula”, como muitos nordestinos, especialmente os mais pobres, chamam o presidente que deixa o poder no dia 31.
Lula é idolatrado no Nordeste. De acordo com institutos de pesquisa, os índices de aprovação de seu governo estão próximos de 90%, percentual inédito e que torna a admiração dos nordestinos quase uma unanimidade. Em Pernambuco, Estado natal do presidente, a candidata do PT, Dilma Rousseff, foi a mais votada em todas as cidades. Em Buenos Aires, Lula é rei. No segundo turno da eleição presidencial, Dilma recebeu 82% dos votos válidos do município, apesar da falta de apoio do prefeito Gislan de Almeida Alencar, do PSDB, o mesmo partido de José Serra. “A vida do povo melhorou. Como é que eu vou brigar com isso?”, pergunta Alencar. Catilene, claro, votou em Dilma, e explica suas razões. “A gente recebe R$ 130 do Bolsa Família e minha mãe ganha uns R$ 300 trabalhando na roça”, diz. “Dá para ter um monte de coisa.” Além do aumento real do poder de compra dos pobres – a renda das classes D e E dobrou nos últimos oito anos –, o crédito farto e mais barato abriu as portas para um mundo até então desconhecido por essas pessoas. A família de Catilene pagou R$ 420 pelo colchão, divididos em 12 prestações de R$ 35. Para ela, é duro, sofrido mesmo, pagar a fatura. A diferença é que agora é possível.
SONHO REALIZADO
O pescador Tiago Custódio ganha a vida na praia de Boa Viagem, no Recife. Os negócios nunca foram tão bem. Com o aumento do número de restaurantes na orla, a demanda por peixes disparou – e ele aproveita para faturar. Graças aos R$ 1 mil que recebe por mês, foi possível ingressar no programa Minha Casa Minha Vida, de concessão de empréstimos para a compra de imóveis populares. “Meu pai passou a vida tentando ter uma casa própria, mas não conseguiu. Comigo vai ser diferente”, diz.

Número de miseráveis caiu 20%
Buenos Aires tem 12 mil habitantes e, ao contrário da capital argentina, nenhuma churrascaria. Faz calor o ano todo, com temperatura perto de 40 graus no verão. Em torno da praça principal, para onde converge uma dúzia de ruas asfaltadas, ficam as quitandas, mercearias, bares e lojas que vendem de tudo, de vassouras a aparelhos de som. À medida que o visitante se afasta do centro, as casas parecem mais humildes, com o asfalto substituído por terra. Basta apenas uma pergunta – a vida melhorou ou piorou nos últimos anos? – para que a força de Lula se revele. “Melhorou demais da conta”, diz Janice Oliveira da Silva, gerente da loja que vendeu o colchão para Catilene. “Todo mundo tem cartão de crédito, não dou conta de tantos pedidos.” No século XXI, o número de miseráveis caiu 20% em Pernambuco e isso é obra de políticas sociais como o Bolsa Família (o Nordeste fica com cerca de 50% dos recursos do programa) e da maior oferta de emprego (nesta década, em nenhum lugar do Brasil o total de vagas de trabalho cresceu tanto quanto na região. Em Pernambuco, a alta foi de 5% em 2010).
São seis horas da manhã e Marinalva Maria dos Santos, 45 anos, está na beira da estrada à espera do ônibus que vai levar as filhas Maria Eduarda dos Santos, 10 anos, e Maria Lúcia dos Santos, 6, para a escola em Buenos Aires. As garotas estão uniformizadas, de mochila nas costas e lancheira nas mãos. Marinalva conta sua história, enquanto atrás dela um grupo de micos assalta uma bananeira. “Elas são as primeiras mulheres da minha família que sabem ler e escrever”, diz, de olhos marejados. “Eu tive que trabalhar para ajudar no sustento da casa, mas as meninas não precisam ir para a roça.” O pai das crianças, Luís dos Santos, recebe um salário mínimo como agricultor, dinheiro suficiente para fazer com que as filhas possam trocar a enxada pelos livros. Nos últimos oito anos, o salário mínimo do Brasil saltou de US$ 86 para US$ 300. É diferença suficiente para que famílias pobres como os Santos possam abdicar da labuta precoce dos filhos. “Buenos Aires recebeu esse nome de um padre argentino que veio morar aqui e achou legal homenagear uma cidade de seu país”, diz a esperta Maria Eduarda, que sonha em ser professora. “Ainda bem, porque antes Buenos Aires era chamada de Jacu. Ficou mais bonito, né?” Estudos confirmam a melhoria dos índices educacionais. Em 2004, 21,3% dos pernambucanos eram analfabetos. Hoje, o percentual é de 17,6%.

GRATUITAS
Em Garanhuns, mil casas doadas pelo governo federal para famílias miseráveis
Em Calumbi, Lula é quase Deus
Se Lula é popular em Buenos Aires, ele praticamente atingiu a unanimidade em Calumbi, no semiárido pernambucano e a 30 quilômetros de Serra Talhada, cidade que tem o cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, como filho ilustre. Dos 4,4 mil votos válidos em Calumbi, 4,2 mil (ou 96,5% do total) foram para Dilma no segundo turno das eleições presidenciais – em nenhum outro lugar do País a vitória da presidente foi tão avassaladora. Os mesmos avanços sociais observados em Buenos Aires tornaram Lula rei no município. “Lula é um verdadeiro mito para nós”, diz o prefeito Erivaldo José da Silva, do PSB. Silva diz que recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) permitiram que 100% dos domicílios da área urbana da cidade passassem a ter saneamento básico, ao custo de R$ 3,5 milhões liberados pelo governo federal (isso não impediu, porém, que o próprio banheiro de seu gabinete na prefeitura sofresse com a falta d’água. Como a descarga não funciona, um balde foi colocado ao lado da privada). Com a ajuda do governo do Estado, alinhado com Lula, uma ponte está sendo construída para permitir, no período das chuvas, o acesso dos moradores rurais ao centro da cidade. A obra, orçada em R$ 3 milhões, vai reduzir de duas horas para dez minutos a travessia do rio Pajeú. “Lula nos ajudou muito”, diz o prefeito Silva.

R$ 3 milhões para ponte no sertão
Em Calumbi, é mais fácil encontrar um jovem de espingarda em punho, caminhando desassombradamente pelas ruas – como a reportagem de ISTOÉ realmente encontrou –, do que achar quem votou em Serra. Oficialmente, 200 pessoas optaram pelo candidato do PSDB, mas ninguém sabe quem são. “Vai pegar muito mal alguém dizer que preferiu o Serra”, diz o prefeito. “Eu até agora não vi um que assumisse.” Durante a campanha, o prefeito foi de porta em porta pedir votos para Dilma. “Esperamos que Dilma faça por nós o mesmo que Lula fez”, diz Sirlene Cordeiro, líder da Câmara dos Vereadores da cidade. Calumbi tem como maior orgulho a centenária Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em torno da qual é realizada, todo dia 8 de dezembro, uma festa em homenagem à santa. A tradição, que começou em 1877, reúne moradores da própria cidade e de municípios vizinhos, alguns deles com nomes dignos de boa literatura, como Triunfo, Flores e Afogados da Ingazeira (locais em que Dilma, a propósito, teve mais de 70% dos votos válidos). Agora, além da festa de Nossa Senhora, Calumbi orgulha-se de ser a terra onde Lula é mais querido. “Coisa linda, é uma honra para nós”, diz o prefeito, refestelado na puída poltrona de seu gabinete. Enquanto o prefeito fala, ouvem-se, do lado de fora, a voz e os gritos do locutor Galvão Bueno. É que diante da prefeitura fica um pequeno salão que aluga jogos de videogame. O preferido da turma é o PES 2011 para o PlayStation, que traz jogos de futebol narrados por Galvão. São 9 horas da manhã e o salão está lotado de jovens calumbienses que admiram times como Barcelona e Inter de Milão. Ao lado da flâmula desses clubes, vê-se um santinho de Dilma colado na parede.

TIJOLO NO LUGAR NA TAIPA. E DE GRAÇA
Lucicleide de Oliveira, 36 anos, e os filhos Evaristo, 9, Carlos Eduardo, 10, e Artur, 17 (da esq. para a dir.), ganharam uma casa do governo federal. Antes, eles moravam em um barraco em Garanhuns, junto “de cobras e ratos”, segundo a mãe. Agora, vivem em um imóvel de 63 metros quadrados de área construída, com sala, dois dormitórios, cozinha e banheiro com água encanada. Não pagaram um centavo por isso. “Lula fez muita coisa por nós, espero que a Dilma continue fazendo”, diz Lucicleide.

Pernambuco recebe mais recursos
Não é obra do acaso o fato de Dilma ter recebido votação recorde em Pernambuco. Em 2010, o Estado foi o quinto da nação a contar com mais recursos do governo federal, atrás apenas de Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Bahia. Esse dinheiro é revertido quase sempre em obras vistosas para a população. Pernambuco é também o terceiro Estado mais visitado por Lula, depois de São Paulo e Rio. Algumas cidades foram palco de programas com forte apelo de marketing. Em Garanhuns, no agreste pernambucano, existe um conjunto habitacional inteiro conhecido como “a casa de Lula”. Trata-se de um projeto que prevê a doação de mil residências para moradores pobres da cidade. O bairro, erguido a 20 quilômetros de Caetés, município onde Lula nasceu, já recebeu cerca de 600 famílias, que não desembolsaram um centavo sequer para se instalar nos imóveis, construídos com dinheiro da União. Uma dessas famílias é a de Lucicleide da Silva de Oliveira, que mora com o marido e quatro filhos na casa de 63 metros quadrados. “Lula é um santo homem”, diz Lucicleide. “Há dois anos, eu vivia num barraco de taipa e chão de barro, no meio do mato, com ratos e cobras por toda a parte”, diz. “Fiz a inscrição para receber a casa de graça, mas achei que não ia dar em nada. Quando fui avisada que tinha sido sorteada, desmaiei de tanta alegria.” Orgulhosa, ela cuida com zelo de seu imóvel e exibe, toda sorrisos, o que conquistou nesses últimos anos: tevê de 42 polegadas, aparelho de som, aparelho de DVD, geladeira e fogão. Tudo isso com a renda do Bolsa Família e do dinheiro que o marido recebe como pedreiro. Hoje, sua maior preocupação é típica de quem ascendeu socialmente. “Tenho medo de assalto, de que levem as minhas coisas.”

UM COMPUTADOR PARA CADA ALUNO
Marcela Gonçalves, 10 anos, e os irmãos Leonardo, 13, e Marcelo, 11, ganharam da União computador com internet e conexão wireless, programas educacionais e jogos. Chamado de Prouca, o projeto consiste na doação do equipamento para todos os alunos de Caetés, cidade onde Lula nasceu. Basta dar uma volta pela cidade para se impressionar com as cenas: em todos os lugares, há centenas de crianças e jovens brincando com o computador. Lançado em Caetés, o programa foi ampliado para outras cidades nordestinas.

Caetés, cidade natal do presidente (na verdade, era um distrito de Garanhuns quando Lula nasceu, tendo sido emancipada apenas em 1963), tem 26 mil habitantes e é um daqueles lugares que conquistam o visitante pela simpatia de seus moradores. “Quer ficar para o almoço?”, pergunta o agricultor Marcelo Gonçalves, dono de uma casa de um dormitório que fica na periferia da cidade. Os três filhos de Marcelo, ele próprio e sua mulher, Giovana, estão encantados com as maravilhas da tecnologia. Desde julho, as crianças carregam para cima e para baixo um computador portátil, com internet com rede wireless, jogos e programas educacionais. Os notebooks foram entregues a todos os alunos da rede pública de Caetés e fazem parte do programa nacional Um Computador Por Aluno (Prouca). Até então, ninguém da família tinha manuseado um equipamento desse tipo. Na cidade, as cenas se repetem e impressionam: na praça principal, nas ruas, nas mercearias, no meio-fio, em qualquer lugar, centenas de crianças e jovens estão como que hipnotizados pelo computador, jogando compulsivamente. Leonardo Barbosa Gonçalves, 13 anos, aluno da 5ª série, foi um dos alunos flagrados pela reportagem de ISTOÉ e custou a tirar os olhos da tela, até para responder a perguntas. “Foi o Lula que deu o computador para nós”, diz Leonardo. “É bom para estudar, mas o divertido mesmo é entrar na internet.” Em Caetés, são raros os pontos com rede wireless, o que restringe o uso da internet às próprias escolas. Mas ninguém reclama. “Pelo menos agora a gente pode ver como é o mundo lá fora”, diz Leonardo.
A idolatria por Lula é percebida até na capital Recife, onde Dilma recebeu 65% dos votos válidos no segundo turno da eleição presidencial. No canto da praia de Boa Viagem, a mais popular da cidade, o pescador Tiago Custódio, 38 anos, afirma que está feliz da vida. Há um mês, saiu a aprovação de um financiamento do programa Minha Casa Minha Vida, projeto federal de concessão de linhas de empréstimos para a compra de imóveis populares. “Você tem ideia do que isso significa para mim?”, pergunta Custódio. “Significa que vou possuir o que meu pai tentou a vida inteira, mas não conseguiu: a casa própria.” O pescador tem uma renda mensal de R$ 1 mil, o dobro de dois anos atrás. “Os negócios estão bombando”, diz ele, que fornece peixes para restaurantes dos arredores da praia. “Às vezes, vendo direto para os turistas, que pagam um dinheirão por qualquer coisa que saia do mar.” Por que tudo está indo tão bem? “Essa é fácil”, responde Custódio. “É por causa do painho Lula.”

DILMA, QUASE UMA UNANIMIDADE
O prefeito de Calumbi, Erivaldo José da Silva, do PSB, foi de porta em porta pregar o voto em Dilma nas eleições presidenciais. Funcionou. Dos 4,4 mil eleitores da cidade, 4,2 mil optaram pela petista – ou seja, Dilma recebeu impressionantes 96,5% dos votos válidos, percentual que não foi repetido por nenhum outro município brasileiro. Erivaldo diz que, graças a recursos enviados pelo governo federal, 100% dos domicílios da zona urbana de Calumbi têm saneamento básico. Para o prefeito, Dilma não precisa superar Lula. “Basta repetir o que ela fez”, diz.

AS PRIMEIRAS MULHERES ALFABETIZADAS DA FAMÍLIA
Marinalva Maria dos Santos, 45 anos, e o marido, Luís dos Santos, 47, se orgulham do feito alcançado pelas filhas. Maria Eduarda (de amarelo), 10 anos, e Maria Lúcia, 6, são as primeiras mulheres alfabetizadas da família. Isso só foi possível porque, com o aumento da renda do pai, as meninas não precisaram ajudar na lavoura. Em vez disso, as duas vão para a escola. Elas simbolizam uma região em transformação. Em 2004, 21,3% dos pernambucanos eram analfabetos. Hoje, o índice é de 17,6%.

17.1.11

A Foto Oficial da PresidentA do Brasil

A Foto Oficial da PresidentA do Brasil
A Foto Oficial da Presidenta do Brasil, Dilma Rousseff

PRESIDENTA DILMA ROUSSEFF, discurso de posse

Presidenta DILMA Rouseff e o Presidente LULA, o Rei do Brasil

PRESIDENTA DILMA ROUSSEFF, discurso de posse
Íntegra do discurso da presidente Dilma Rousseff na cerimônia de posse

janeiro 1st, 2011
Autor: Sandra de Andrade

Sr. Presidente do Congresso Nacional, Senador José Sarney; Srs. Chefes de Estado e de Governo que me honram com as suas presenças; Sr. Vice-Presidente da República, Michel Temer; Sr. Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Marco Maia; Sr. Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Cezar Peluso; Srªs e Srs. Chefes das Missões Estrangeiras; Srªs e Srs. Ministros de Estado; Srªs e Srs. Governadores; Srªs e Srs. Senadores; Srªs e Srs. Deputados Federais; Srªs e Srs. Representantes da Imprensa;

- O Brasil continuará crescendo, afirma LULA.
 Meus queridos brasileiros e brasileiras, pela decisão soberana do povo, hoje será a primeira vez que a faixa presidencial cingirá o ombro de uma mulher.Sinto uma imensa honra por essa escolha do povo brasileiro e sei do significado histórico dessa decisão. Sei, também, como é aparente a suavidade da seda verde amarela da faixa presidencial, pois ela traz consigo uma enorme responsabilidade perante a nação. Para assumi-la, tenho comigo a força e o exemplo da mulher brasileira. Abro meu coração para receber neste momento uma centelha da sua imensa energia e sei que meu mandato deve incluir a tradução mais generosa dessa ousadia do voto popular que após levar à Presidência um homem do povo, um trabalhador, decide convocar uma mulher para dirigir os destinos do País.Venho para abrir portas, para que muitas outras mulheres também possam, no futuro, ser Presidentas e para que, no dia de hoje, todas as mulheres brasileiras sintam o orgulho e a alegria de ser mulher. Não venho para enaltecer a minha biografia, mas para glorificar a vida de cada mulher brasileira. Meu compromisso supremo, reitero, é honrar as mulheres, proteger os mais frágeis e governar para todos.Venho, antes de tudo, para dar continuidade ao maior processo de afirmação que este País já viveu nos tempos recentes.Venho para consolidar a obra transformadora do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva! Venho para consolidar a obra transformadora do Presidente Lula, com quem tive a mais vigorosa experiência política da minha vida e o privilégio de servir ao País a seu lado nesses últimos anos. De um Presidente que mudou a forma de governar e levou o povo brasileiro a confiar ainda mais em si mesmo e no futuro do País.

LULA espera na rampa do Palácio do Alvorada a Presidenta DILMA
A maior homenagem que posso prestar a ele é ampliar e avançar as conquistas do seu Governo. Reconhecer, acreditar, investir na força do povo foi a maior lição que o Presidente Lula deixa para todos nós. Sob a sua liderança, o povo brasileiro fez a travessia para uma outra margem da nossa história. Minha missão agora é consolidar essa passagem e avançar no caminho de uma Nação geradora das mais amplas oportunidades.Quero, neste momento, prestar minha homenagem a outro grande brasileiro, incansável lutador, companheiro que esteve ao lado do Presidente Lula nesses oito anos: nosso querido Vice-Presidente José Alencar!Que exemplo de coragem e amor à vida nos dá esse grande homem! E que parceria fizeram o Presidente Lula e o Vice-Presidente José Alencar pelo Brasil e pelo nosso povo! Eu e o Vice-Presidente, Michel Temer, sentimo-nos responsáveis por seguir no caminho iniciado por eles.Um governo se alicerça no acúmulo de conquistas realizadas ao longo da história. Ele sempre será, a seu tempo, mudança e continuidade. Por isso, ao saudar os extraordinários avanços recentes liderados pelo Presidente Lula, é justo lembrar que muitos, a seu tempo e a seu modo, deram grandes contribuições às conquistas do Brasil de hoje.Vivemos um dos melhores períodos da vida nacional. Milhões de empregos estão sendo criados. Nossa taxa de crescimento mais que dobrou. Encerramos um longo período de dependência do Fundo Monetário Internacional, ao mesmo tempo em que superamos a nossa dívida externa. Reduzimos, sobretudo, a nossa dívida social, a nossa histórica dívida social, resgatando milhões de brasileiros da tragédia da miséria e ajudando outros milhões a alcançarem a classe média.Mas, em um País com a complexidade do nosso, é preciso sempre querer mais, descobrir mais, inovar nos caminhos e buscar sempre novas soluções. Só assim poderemos garantir aos que melhoraram de vida que eles podem alcançar mais e provar aos que ainda lutam para sair da miséria que eles podem, com a ajuda do Governo e de toda a sociedade, mudar de vida e de patamar. Que podemos ser, de fato, uma das nações mais desenvolvidas e menos desiguais do mundo, um País de classe média sólida e empreendedora, uma democracia vibrante e moderna, plena de compromisso social, liberdade política e criatividade.Queridos brasileiros e queridas brasileiras, para enfrentar esses grandes desafios, é preciso manter os fundamentos que nos garantiram chegar até aqui, mas, igualmente, agregar novas ferramentas e novos valores. Na política, é tarefa indeclinável e urgente uma reforma com mudanças na legislação para fazer avançar nossa jovem democracia, fortalecer o sentido programático dos partidos e aperfeiçoar as instituições, restaurando valores e dando mais transparência ao conjunto da atividade pública.Para dar longevidade ao atual ciclo de crescimento, é preciso garantir a estabilidade, especialmente a estabilidade de preços, e seguir eliminando as travas que ainda inibem o dinamismo da nossa economia, facilitando a produção e estimulando a capacidade empreendedora de nosso povo, da grande empresa até os pequenos negócios locais, do agronegócio à agricultura familiar.É, portanto, inadiável a implementação de um conjunto de medidas que modernize o sistema tributário, orientado pelo princípio da simplificação e da racionalidade. O uso intensivo da tecnologia da informação deve estar a serviço de um sistema de progressiva eficiência e elevado respeito ao contribuinte.Valorizar nosso parque industrial e ampliar sua força exportadora será meta permanente. A competitividade da nossa agricultura e da nossa pecuária, que faz do Brasil grande exportador de produtos de qualidade para todos os continentes, merecerá toda a nossa atenção. Nos setores mais produtivos, a internacionalização de nossas empresas já é uma realidade.O apoio aos grandes exportadores não é incompatível com o incentivo, o desenvolvimento e o apoio à agricultura familiar e ao microempreendedor. As pequenas empresas são responsáveis pela maior parcela dos empregos permanentes em nosso País. Merecerão políticas tributárias e de crédito perenes.Valorizar o desenvolvimento regional é outro imperativo de um País continental, sustentando a vibrante economia do Nordeste, preservando, desenvolvendo, respeitando a biodiversidade da Amazônia no Norte, dando condições à extraordinária produção agrícola do Centro-Oeste, à força industrial do Sudeste e à pujança e ao espírito de pioneirismo do Sul.É preciso, antes de tudo, criar condições reais, efetivas, capazes de aproveitar e potencializar ainda mais e melhor a imensa energia criativa e produtiva do povo brasileiro. 

- Eu te elegi, diz Lula.

No plano social, a inclusão só será plenamente alcançada com a universalização e a qualificação dos serviços essenciais. Esse é um passo decisivo e irrevogável para consolidar e ampliar as grandes conquistas obtidas pela nossa população no período do Governo do Presidente Lula.É, portanto, tarefa indispensável uma ação renovadora efetiva e integrada do Governo Federal e dos governos estaduais e municipais em particular nas áreas da saúde, da educação e da segurança, o que é vontade expressa das famílias e da população brasileira.Queridos brasileiros e brasileiras, a luta mais obstinada do meu Governo será pela erradicação da pobreza extrema e pela criação de oportunidades para todos! Uma expressiva mobilidade social ocorreu nos dois mandatos do Presidente Lula, mas ainda existe pobreza a envergonhar nosso País e a impedir nossa afirmação plena como povo desenvolvido. Não vou descansar enquanto houver brasileiro sem alimento na mesa, enquanto houver famílias no desalento das ruas, enquanto houver crianças pobres abandonadas à própria sorte!O congraçamento das famílias se dá no alimento, na paz e na alegria. É este o sonho que vou perseguir. Essa não é tarefa isolada de um Governo, mas um compromisso a ser abraçado por toda a nossa sociedade. Para isso peço com humildade o apoio das instituições públicas e privadas, de todos os partidos, das entidades empresariais e dos trabalhadores, das universidades, da juventude, de toda a imprensa e das pessoas de bem. A superação da miséria exige prioridade na sustentação de um longo ciclo de crescimento. É com crescimento que serão gerados os empregos necessários para as atuais e as novas gerações. É com crescimento, associado a fortes programas sociais, que venceremos a desigualdade de renda e de desenvolvimento regional. Isso significa, reitero, manter a estabilidade econômica como valor. Já faz parte, aliás, da nossa cultura recente a convicção de que a inflação desorganiza a economia e degrada a renda do trabalhador. Não permitiremos, sob nenhuma hipótese, que essa praga volte a corroer nosso tecido econômico e a castigar as famílias mais pobres. Continuaremos fortalecendo nossas reservas externas para garantir o equilíbrio das contas externas e bloquear, impedir a vulnerabilidade externa.

O Povo na Posse de Dilma

 Atuaremos decididamente, nos fóruns multilaterais, na defesa de políticas econômicas saudáveis e equilibradas, protegendo o País da concorrência desleal e do fluxo indiscriminado de capitais especulativos. Não faremos a menor concessão ao protecionismo dos países ricos, que sufoca qualquer possibilidade de superação da pobreza de tantas nações pela via do esforço de produção. Faremos um trabalho permanente e continuado para melhorar a qualidade do gasto público. O Brasil optou, ao longo de sua história, por construir um Estado provedor de serviços básicos e de previdência social pública. Isso significa custos elevados para toda a sociedade, mas significa também a garantia do alento da aposentadoria para todos e serviços de saúde e de educação universais. Portanto, a melhoria dos serviços públicos é também um imperativo de qualificação dos gastos governamentais. Outro fator importante da qualidade da despesa é o aumento dos níveis de investimento em relação aos gastos de custeio. O investimento público é essencial como indutor do investimento privado e como instrumento de desenvolvimento regional.Por meio do Programa de Aceleração do Crescimento e do Programa Minha Casa, Minha Vida, manteremos o investimento sob estrito e cuidadoso acompanhamento da Presidência da República e dos Ministérios. O PAC continuará sendo um instrumento de coesão da ação governamental e coordenação voluntária dos investimentos estruturais dos Estados e Municípios; será também vetor de incentivo ao investimento privado, valorizando todas as iniciativas de constituição de fundos privados de longo prazo. Por sua vez, os investimentos previstos para a Copa do Mundo e para as Olimpíadas serão concebidos de maneira a dar ganhos permanentes de qualidade de vida em todas as regiões envolvidas.Esse princípio vai reger também nossa política de transporte aéreo. É preciso, sem dúvida, melhorar e ampliar nossos aeroportos para a Copa e as Olimpíadas, mas é mais que necessário melhorá-los já, para arcar com o crescente uso desse meio de transporte por parcelas cada vez mais amplas da população brasileira. Queridas brasileiras e queridos brasileiros, junto com a erradicação da miséria, será prioridade do meu Governo a luta pela qualidade da educação, da saúde e da segurança.Nas últimas décadas, o Brasil universalizou o ensino fundamental, porém é preciso melhorar a sua qualidade e aumentar as vagas no ensino infantil e no ensino médio. Para isso, vamos ajudar decididamente os Municípios a ampliar a oferta de creches e de pré-escolas. No ensino médio, além do aumento do investimento público, vamos estender a vitoriosa experiência do ProUni para o ensino médio e profissionalizante, acelerando a oferta de milhares de vagas para que nossos jovens recebam uma formação educacional e profissional de qualidade.Mas só existirá ensino de qualidade se o professor e a professora forem tratados como as verdadeiras autoridades da educação, com formação continuada, remuneração adequada e sólido compromisso dos professores e da sociedade com a educação das crianças e dos jovens. Somente com o avanço na qualidade do ensino poderemos formar jovens preparados, de fato, para nos conduzir à sociedade da tecnologia e do conhecimento. Queridas brasileiras e queridos brasileiros, consolidar o Sistema Único de Saúde será outra grande prioridade do meu Governo. Para isso, vou acompanhar pessoalmente o desenvolvimento desse setor tão essencial para o povo brasileiro. O SUS deve ter como meta a solução real do problema que atinge a pessoa que o procura com o uso de todos os instrumentos de diagnóstico e tratamento disponíveis, tornando os medicamentos acessíveis a todos, além de fortalecer as políticas de prevenção e promoção da saúde. Vou usar, sim, a força do Governo Federal para acompanhar a qualidade do serviço prestado e o respeito ao usuário. Vamos estabelecer parcerias com o setor privado na área da saúde, assegurando a reciprocidade quando da utilização dos serviços do SUS. A formação e a presença de profissionais de saúde, adequadamente distribuídos, em todas as regiões do País será outra meta essencial ao bom funcionamento do sistema.Queridas brasileiras e queridos brasileiros, a ação integrada de todos os níveis do Governo e a participação da sociedade são o caminho para a redução da violência que constrange a sociedade e as famílias brasileiras.Meu Governo fará um trabalho permanente para garantir a presença do Estado em todas as regiões mais sensíveis à ação da criminalidade e das drogas em forte parceria com Estados e Municípios.O Estado do Rio de Janeiro mostrou o quanto é importante, na solução dos conflitos, a ação coordenada das forças de segurança dos três níveis de Governo, incluindo, quando necessário, a participação decisiva das Forças Armadas.O êxito dessa experiência deve nos estimular a unir as forças de segurança no combate, sem tréguas, ao crime organizado, que sofistica a cada dia seu poder de fogo e suas técnicas de aliciamento dos jovens. Buscaremos, também, uma maior capacitação federal na área de inteligência e no controle das fronteiras, com uso de modernas tecnologias e treinamento profissional permanente.Reitero meu compromisso de agir no combate às drogas, em especial ao avanço do crack, que desintegra a nossa juventude e infelicita as nossas famílias.O pré-sal é nosso passaporte para o futuro, mas só o será plenamente, queridas brasileiras e queridos brasileiros, se produzir uma síntese equilibrada de avanço tecnológico, avanço social e cuidado ambiental. A sua própria descoberta é resultado do avanço tecnológico brasileiro e de uma moderna política de investimentos em pesquisa e inovação. Seu desenvolvimento será fator de valorização da empresa nacional e seus investimentos serão geradores de milhares de novos empregos.O grande agente dessa política foi e é a Petrobras, símbolo histórico da soberania brasileira na produção energética e do petróleo.O meu Governo terá a responsabilidade de transformar a enorme riqueza obtida no pré-sal em poupança de longo prazo, capaz de fornecer às atuais e às futuras gerações a melhor parcela dessa riqueza, transformada, ao longo do tempo, em investimentos efetivos na qualidade dos serviços públicos, na redução da pobreza e na valorização do meio ambiente. Recusaremos o gasto apressado, que reserva às futuras gerações apenas as dívidas e a desesperança.Queridas brasileiras e queridos brasileiros, muita coisa melhorou no nosso País, mas estamos vivendo apenas o início de uma nova era, o despertar de um novo Brasil.

Dilma Rouseff, a Presidenta do Brasil
 Recorro a um poeta da minha terra natal. Ele diz: “O que tem de ser tem muita força, tem uma força enorme”. Pela primeira vez, o Brasil se vê diante da oportunidade real de se tornar, de ser uma nação desenvolvida, uma nação com a marca inerente também da cultura e do estilo brasileiro: o amor, a generosidade, a criatividade e a tolerância. Uma nação em que a preservação das reservas naturais e das suas imensas florestas, associada à rica biodiversidade e à matriz energética mais limpa do mundo permitem um projeto inédito de país desenvolvido com forte componente ambiental.O mundo vive num ritmo cada vez mais acelerado de revolução tecnológica. Ela se processa tanto na decifração de códigos desvendadores da vida quanto na explosão da comunicação e da informática. Temos avançado na pesquisa e na tecnologia, mas precisamos avançar muito mais. Meu Governo apoiará fortemente o desenvolvimento científico e tecnológico para o domínio do conhecimento e para a inovação como instrumento fundamental de produtividade e competitividade do nosso País. Mas o caminho para uma nação desenvolvida não está somente no campo econômico ou no campo do desenvolvimento econômico, pura e simplesmente. Ele pressupõe o avanço social e a valorização da nossa imensa diversidade cultural.

Com DILMA está o POVO.
A cultura é a alma de um povo, essência de sua identidade. Vamos investir em cultura, ampliando a produção e o consumo em todas as regiões, expandindo a exportação de nossa música, cinema e literatura, signos vivos de nossa presença no mundo. Em suma, temos que combater a miséria, que é a forma mais trágica de atraso, e, ao mesmo tempo, avançar, investindo fortemente nas áreas mais modernas e sofisticadas da invenção tecnológica, da criação intelectual e da produção artística e cultural. Justiça social, moralidade, conhecimento, invenção e criatividade devem ser, mais que nunca, conceitos vivos no dia a dia da nossa nação. Queridas brasileiras e queridos brasileiros, considero uma missão sagrada do Brasil a de mostrar ao mundo que é possível um país crescer aceleradamente sem destruir o meio ambiente. Somos e seremos os campeões mundiais de energia limpa, um País que sempre saberá crescer de forma saudável e equilibrada. O etanol, as fontes de energias hídricas terão grande incentivo, assim como as fontes alternativas: a biomassa, a eólica e a solar. O Brasil continuará também priorizando a preservação das reservas naturais e de suas imensas florestas.Nossa política ambiental favorecerá nossa ação nos fóruns multilaterais, mas o Brasil não condicionará sua ação ambiental ao sucesso e ao cumprimento, por terceiros, de acordos internacionais. Defender o equilíbrio ambiental do Planeta é um dos nossos compromissos nacionais mais universais.Meus queridos brasileiros e brasileiras, nossa política externa estará baseada nos valores clássicos da tradição diplomática brasileira: promoção da paz, respeito ao princípio de não intervenção, defesa dos direitos humanos e fortalecimento do multilateralismo. O meu Governo continuará engajado na luta contra a fome e a miséria no mundo. Seguiremos aprofundando o relacionamento com nossos vizinhos sul-americanos, com nossos irmãos da América Latina e do Caribe, com nossos irmãos africanos e com os povos do Oriente Médio e dos países asiáticos. Preservaremos e aprofundaremos o relacionamento com os Estados Unidos e com a União Europeia.Vamos dar grande atenção aos países emergentes. O Brasil reitera com veemência e firmeza a decisão de associar seu desenvolvimento econômico, social e político ao nosso continente. Podemos transformar nossa região em componente essencial do mundo multipolar que se anuncia, dando consistência cada vez maior ao Mercosul e à Unasul.Vamos contribuir para a estabilidade financeira internacional com uma intervenção qualificada nos fóruns multilaterais.Nossa tradição de defesa da paz não nos permite qualquer indiferença frente à existência de enormes arsenais atômicos, à proliferação nuclear, ao terrorismo e ao crime organizado transnacional.Nossa ação política externa continuará propugnando pela reforma dos organismos de governança mundial, em especial às Nações Unidas e seu Conselho de Segurança.Queridas brasileiras e queridos brasileiros, disse, ao início desse discurso, que eu governarei para todos os brasileiros e brasileiras e vou fazê-lo.Mas é importante lembrar que o destino de um país não se resume à ação de seu governo. Ele é o resultado do trabalho e da ação transformadora de todos os brasileiros e brasileiras. O Brasil do futuro será exatamente do tamanho daquilo que juntos fizermos por ele hoje, do tamanho da participação de todos e de cada um, dos movimentos sociais, dos que labutam no campo, dos profissionais liberais, dos trabalhadores e dos pequenos empreendedores, dos intelectuais, dos servidores públicos, dos empresários, das mulheres, dos negros, dos índios, dos jovens, de todos aqueles que lutam para superar distintas formas de discriminação.Quero estar ao lado dos que trabalham pelo bem do Brasil na solidão amazônica, no semiárido nordestino e em todos os seus rincões, na imensidão do Cerrado, na vastidão dos Pampas.Quero estar ao lado dos que vivem nos aglomerados metropolitanos, na vastidão das florestas, no interior ou no litoral, nas capitais e nas fronteiras do Brasil.Quero convocar todos a participar do esforço de transformação do nosso País. Respeitada a autonomia dos Poderes e o princípio federativo, quero contar com o Legislativo e o Judiciário e com a parceria de Governadores e Prefeitos, para continuarmos desenvolvendo nosso País, aperfeiçoando nossas instituições e fortalecendo nossa democracia.Reafirmo meu compromisso inegociável com a garantia plena das liberdades individuais, da liberdade de culto e de religião, da liberdade de imprensa e de opinião. Reafirmo o que disse, ao longo da campanha, que prefiro o barulho da imprensa livre ao silêncio das ditaduras. Quem como eu e tantos outros da minha geração lutamos contra o arbítrio, a censura e a ditadura, somos naturalmente amantes da mais plena democracia e da defesa intransigente dos direitos humanos no nosso País e como bandeira sagrada de todos os povos.O ser humano não é só realização prática, mas sonho; não é só cautela racional, mas coragem, invenção e ousadia. E esses são os elementos fundamentais para a afirmação coletiva da nossa Nação.Eu e meu Vice-Presidente, Michel Temer, fomos eleitos por uma ampla coligação partidária. Estamos construindo com eles um Governo, onde capacidade profissional, liderança e a disposição de servir ao País serão os critérios fundamentais. Mais uma vez, estendo minha mão aos partidos de oposição e às parcelas da sociedade que não estiveram conosco na recente jornada eleitoral. Não haverá de minha parte e do meu Governo discriminação, privilégios ou compadrio.

DILMA ROUSSEFF, a Presidenta do Brasil.
A partir deste momento, sou a Presidenta de todos os brasileiros.A partir deste momento, sou a Presidenta de todos os brasileiros sob a égide dos valores republicanos. Serei rígida na defesa do interesse público; não haverá compromisso com o desvio e o mal feito; a corrupção será combatida permanentemente, e os órgãos de controle e investigação terão todo o meu respaldo para atuarem com firmeza e autonomia. Queridas brasileiras e queridos brasileiros, chegamos ao final deste longo discurso. Queria dizer a vocês que eu dediquei toda a minha vida à causa do Brasil. Entreguei, como muitos aqui presentes, minha juventude ao sonho de um país justo e democrático. Suportei as adversidades mais extremas, infligidas a todos que ousamos enfrentar o arbítrio. Não tenho qualquer arrependimento, tão pouco não tenho ressentimento ou rancor. Muitos da minha geração que tombaram pelo caminho não podem compartilhar a alegria deste momento. Divido com eles esta conquista e rendo-lhes minha homenagem.Esta, às vezes, dura caminhada me fez valorizar e amar muito mais a vida e me deu, sobretudo, coragem para enfrentar desafios ainda maiores. Recorro, mais uma vez, ao poeta da minha terra: O correr da vida [diz ele] embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa,sossega e depois desinquieta.O que ela quer da gente é coragem. É com essa coragem que vou governar o Brasil. Mas mulher não é só coragem, é carinho também; carinho que dedico à minha filha e ao meu neto, carinho com que abraço a minha mãe, que me acompanha e me abençoa. É com esse imenso carinho que quero cuidar do meu povo e a ele dedicar os próximos anos da minha vida.

Que Deus abençoe o Brasil! Que Deus abençoe a todos nós! E que tenhamos paz no mundo!
Da Redação / Agência Senado