TUCANA PAULISTA EM SUA ATIVIDADE FÍSICA MATINAL
E quem disse que ninguém vai preso no Estado que está mergulhado em denúncia de corrupção? Na manha desta quinta, a Brigada Militar prendeu, entre outras pessoas, a presidente do Centro de Professores do Estado do Rio Grande do Sul, Rejane Rodrigues, e o fotógrafo Caco Argemi, que cobria a manifestação de protesto em frente à casa da governadora. Foram acusados de desacato à autoridade. Autoridade esta que está sempre pronta a reprimir manifestações populares, a colocar agricultores sem terra de joelhos e revistar seus perigosos barracos de lona. Cabe lembrar: a Operação Rodin apontou um roubo no Detran de mais de R$ 40 milhões. Quando ocorreram prisões, ecoaram na mídia vozes protestando contra o uso de algemas em homens de bem. Afinal de contas, a polícia não está aí para algemar gente de bem…
Yeda Crusius é a principal responsável pelos protestos que vêm ocorrendo no Rio Grande do Sul. A erosão da credibilidade chegou literalmente à porta da casa da governadora tucana. E essa casa é um símbolo melancólico do auto-intitulado “novo jeito de governar”. A denúncia mais forte sobre a ilegalidade que cerca a compra da casa partiu não da oposição, mas de alguém que trabalhou diretamente da campanha de Yeda, que trabalhou, entre outras coisas, na captação de recursos. É Lair Ferst que acusa a governadora de ter usado sobras de campanha na compra da casa. É o vice-governador Paulo Feijó que acusa a governadora de várias irregularidades. É o ex-secretário estadual de Segurança, Ênio Bacci, e o ex-ouvidor dessa secretaria, Adão Paiani, que denunciam a existência de uma quadrilha no Piratini. É disso que se trata.
O desequilíbrio da governadora é tal que ela não hesitou em expor os próprios netos a uma situação constrangedora. A direita e seus braços midiáticos salivam de raiva quando acusam o MST de expor crianças em protestos. As fotos de Roberto Vinicius mostram Yeda e sua filha, Tarsila, reagindo aos gritos contra os manifestantes. Estavam fazendo o protesto contra o protesto. Yeda acusou os professores que participaram da manifestação de serem “torturadores de criança”. Se a intenção da governadora e de sua filha era expor a face de vítimas torturadas, acabou produzindo um espetáculo deprimente e constrangedor. Uma intenção que torna a própria família refém de uma tentativa desesperada de vitimização. Pobres crianças! Pobre Rio Grande do Sul, um Estado que desce a ladeira em alta velocidade.
As fotos são de Roberto Vinicius, da Agência Free lancer e de Zero Hora